PGR interina tira cargo de procurador que deu desconto à J&F
Ronaldo Albo, procurador que propôs desconto de R$ 6,8 bilhões à J&F, perdeu cargo de coordenador de câmara de revisão do Ministério Público
atualizado
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A procuradora-geral da República interina, Elizeta Ramos, tirou o cargo de coordenador do procurador Ronaldo Albo, que propôs um desconto de R$ 6,8 bilhões no acordo de leniência da J&F com o Ministério Público Federal (MPF).
Albo era coordenador da 5ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, mas vinha sendo criticado por outros procuradores do grupo. Os demais chegaram a comunicar que não iriam fazer novas reuniões enquanto Albo estivesse à frente da câmara de revisão, que lida com casos de corrupção.
Para solucionar o conflito, Elizeta pediu que ele renunciasse, mas Albo resistiu. Ela então sugeriu uma renúncia coletiva, para refazer a composição atual da 5ª Câmara, mas o procurador também não gostou da ideia. Por fim, Elizeta tirou Albo do cargo e colocou em seu lugar Alexandre Camanho de Assis, outro integrante da 5ª Câmara.
Albo é nome de confiança do ex-PGR Augusto Aras, que acaba de deixar o cargo. O grupo ligado a Aras se incomodou com a destituição de Albo como coordenador e tem criticado a gestão de Elizeta, que assumiu há uma semana.
O Conselho Institucional do Ministério Público anulou a revisão do acordo da J&F proposta por Albo após a repercussão negativa. Pessoas próximas a Albo defendem que houve erros na base de cálculo do acordo, que não deveria beneficiar fundos de pensão, e que sua decisão teria sido técnica.