Pesquisadora vê incoerência ambiental nas obras do Pará para a COP30
COP 30, conferência do clima da ONU, acontecerá em Belém em 2025
atualizado
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A pesquisadora Roberta Rodrigues, da Universidade Federal do Pará (UFPA), criticou as obras do governo paraense para a COP30, conferência do clima da ONU que acontecerá em Belém em 2025. Em um seminário na última quinta-feira (23/5), a pesquisadora alertou para a intenção do governo de “passar a boiada”.
“Existe algum projeto que realmente seja coerente com a agenda da COP e a agenda do Acordo de Paris? Não, a gente está fazendo canalização de rio, está sendo proposto criar as avenidas e colocar asfalto. Está longe de dar respostas para o clima”, afirmou Roberta Rodrigues no seminário “A Foz do Amazonas: pesquisas, conservação e futuro”, promovido pelo Museu Paranense Emílio Goeldi e o Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo.
O Acordo de Paris foi assinado em 2015 por cerca de 200 países, que são responsáveis por mais de 90% das emissões de gases do efeito estufa. Uma das metas é não deixar o aumento da temperatura global passar de 1,5 grau Celsius.
Para a pesquisadora da Faculdade de Arquitetura da UFPA, um dos exemplos das obras incoerentes do governo Helder Barbalho é a Avenida Liberdade. Trata-se de uma via expressa de 13 quilômetros que corta duas Áreas de Proteção Ambiental e o Parque Estadual do Utinga.
“A Avenida Liberdade é um projeto do governo anterior ao Helder, mas agora querem tirar do papel porque este é o momento que está tudo mais fácil de viabilizar economicamente. É o momento de passar a boiada e colocar em prática projetos que, além de promover o desmatamento, aumentam a especulação imobiliária e beneficiam grandes empresários”, afirmou Rodrigues.
(Atualização às 18h07 de 26 de maio de 2024: Em nota, o governo do Pará afirmou que o projeto da Avenida Liberdade foi aprovado pelos conselhos gestores das Unidades de Conservação Área de Proteção Ambiental Belém e Parque do Utinga. “O projeto possui o maior número de passagens de fauna por quilômetro quadrado do Brasil, permitindo o deslocamento de animais que vivem nas florestas e seus arredores, e ainda acompanha o trajeto do linhão de energia elétrica já existente, minimizando intervenções”, afirmou.)