Parentes de servidores coagidos fizeram Pix a candidato de Curitiba
Servidores da Prefeitura de Curitiba foram coagidos a doar para campanha de Eduardo Pimentel; 11 parentes fizeram doação de R$ 3 mil cada
atualizado
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Os servidores da Prefeitura de Curitiba coagidos pelo superintendente de Tecnologia da Informação da Prefeitura, Antônio Carlos Pires Rebello, a doar para a campanha de Eduardo Pimentel, do PSD, a prefeito não fizeram os repasses. Entretanto, a coluna identificou que 11 parentes de nove dos funcionários fizeram.
Em áudio revelado pela coluna, Rebello informou aos servidores que eles teriam de comprar convites de R$ 3 mil para um jantar da campanha, que aconteceu no dia 3 de setembro. As transferências, segundo o áudio, deveriam ser para o Pix do PSD. Ouça o áudio ao fim desta reportagem.
Rebello orientou que os servidores fizessem o repasse por contas bancárias de parentes ou amigos próximos, para que não fossem identificados. O superintendente de Tecnologia da Informação disse ainda que o esquema era “ajuda para a campanha” e seria “melhor do que fazer caixa 2”. Rabello alegou que o repasse não seria ilegal, mas foi questionado por servidores.
“É ilegal porque vocês estão nos obrigando a fazer a doação”, afirmou um dos servidores na reunião.
Na prestação de contas que consta na Justiça Eleitoral, o Diretório Estadual do PSD informou ter recebido, via Pix, 11 depósitos de R$ 3 mil de parentes de servidores. Os repasses foram feitos entre os dias 30 de agosto e 2 de setembro. A coluna optou por não revelar quem são os parentes que fizeram os depósitos, para preservar os servidores coagidos.
Em um dado momento da reunião, um servidor disse que não pagaria o montante. Ele afirmou, aos prantos, que não dispunha de valores como aquele. O superintendente de Tecnologia da Prefeitura, responsável pela coação, respondeu que todos tinham problemas e não iria mais discutir com o servidor, porque senão iria “demiti-lo”.
Por nota, a Prefeitura de Curitiba informou repudiar “toda e qualquer atitude que possa configurar ameaça ou constrangimento a servidores públicos no exercício de suas funções” e disse que “os fatos serão apurados com o rigor necessário, respeitando o devido processo legal”.
A administração municipal afirmou ainda que “a atitude do servidor em questão teve como base seu julgamento pessoal, sem orientação ou anuência da Secretaria de Administração, Gestão de Pessoal e Tecnologia da Informação, ou de outra instância da Prefeitura”.