Para se livrar de punição, Frias disse que “PF” era “prato feito”
Comissão de Ética da Presidência refutou argumento de Mario Frias e aplicou censura ética ao ex-secretário da Cultura de Bolsonaro
atualizado
Compartilhar notícia
O ex-secretário de Cultura Mario Frias alegou à Comissão de Ética da Presidência que não se referia à “Polícia Federal“, mas a “prato feito” ao dizer a um opositor no Twitter “Cuidado com PF”. Em abril, o colegiado rejeitou o argumento e aplicou ao deputado uma censura ética, a sanção mais severa a uma ex-autoridade do governo federal.
Em 2020, o deputado estadual Flávio Serafini, do PSol do Rio de Janeiro, criticou o então secretário de Cultura do governo Bolsonaro no Twitter: “O ex-ator de Malhação e secretário de Cultura Mário Frias, nomeado porque nenhum artista quis queimar seu filme ao lado de Bolsonaro, fez uma crítica profunda e contundente ao Marcelo Adnet, eu diria arrasadora mesmo. Chamou ele de bobão”. Frias, então, respondeu: “Cuidado com PF”.
Na ocasião, Frias havia sido ironizado pelo humorista Marcelo Adnet após o ex-ator estrelar uma campanha “Um povo heroico” em celebração ao Dia da Independência. Respondeu que Adnet era um “crápula”.
“O termo ‘Cuidado com PF’ significa ‘cuidado com Prato Feito’, de modo que não afirmou que utilizaria da força policial contra o parlamentar”, escreveu a defesa de Mario Frias no processo.
O relator do caso na Comissão de Ética, conselheiro Edson Leonardo Dalescio, refutou o argumento de Frias. “Entendo que o secretário ameaçou o parlamentar, advertindo-o de eventual atuação do órgão de investigação [Polícia Federal] sem justificativa”. O colegiado votou por unanimidade para punir Frias com a censura ética, a mais dura a uma ex-autoridade. Na prática, contudo, não o impedirá de assumir novos cargos de confiança no governo federal.