Palestrantes acionam produtora bolsonarista por acusação de terrorismo
Ação na Justiça de São Paulo opõe a produtora bolsonarista Brasil Paralelo e dois palestrantes ligados ao escritor russo Alexandr Dugin
atualizado
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Dois palestrantes moveram ação por danos morais contra a produtora bolsonarista Brasil Paralelo sob a alegação de que foram chamados de terroristas por um dos diretores da empresa de audiovisual. Eles cobram indenização de R$ 30 mil.
Alexandre Sugamosto e Silva e Uriel Irigaray Araújo alegam que gravaram cursos para a Brasil Paralelo, mas que a produtora nunca disponibilizou o material para o público, o que configuraria quebra de contrato.
Os palestrantes afirmam que a divulgação dos cursos foi suspensa após uma pessoa não identificada alertar a Brasil Paralelo para a ligação de ambos com atividades terroristas.
Em mensagem reproduzida na ação, Maurizio Casalaspro, que à época era responsável pelo núcleo de formação da empresa, disse a Sugamosto que ele era acusado “diretamente” de ser terrorista e que era preciso “deixar as coisas esclarecidas para estarmos na mesma página”.
Tanto Sugamosto quanto Araújo possuem ligações com o movimento Nova Resistência, que tem como objetivo propagar os ideais ultranacionalistas do escritor russo Alexandr Dugin, considerado o “guru” de Vladimir Putin.
Araújo traduz os textos de Dugin, e Sugamosto foi convidado por integrantes da Nova Resistência para dar uma palestra. Ambos entrevistaram Dugin em vídeo publicado pela Nova Resistência, no dia 23 de dezembro de 2020, no YouTube. Eles assinaram contrato com a Brasil Paralelo em 25 de maio de 2021.
O curso que a dupla ministraria na Brasil Paralelo tratava sobre os pensamentos de René Guénon, Frithjof Schuon e Julius Evola, três escritores cujos textos eram citados nas aulas on-line de Olavo de Carvalho. As obras de Evola têm relação com o fascismo italiano.
À Justiça, a Brasil Paralelo disse que não aproveitou o material gravado com a dupla porque o conteúdo do curso não era compatível com o tema das produções que seriam lançadas pela plataforma. A produtora afirmou que pagou os palestrantes pelas gravações e que não se comprometeu com a publicação do curso. A empresa também alegou que desconhece as supostas acusações de terrorismo.
Uma audiência de conciliação ocorreu no último dia 10, mas não houve acordo entre as partes.