Pais acusam Bolsonaro de usar vídeo com a filha deles para fazer campanha sem autorização
Bolsonaro publicou vídeo com crianças sem autorização dos responsáveis; pai diz que escola omitiu encontro com o presidente
atualizado
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Os responsáveis de uma menor de idade que aparece em um vídeo publicado pela campanha de Jair Bolsonaro nesta quinta-feira (6/10) acusam o presidente de usar, sem autorização, a imagem da filha deles, e de outros colegas de classe, todos menores de idade, para fazer campanha política.
Os pais, o cantor Milsinho e a servidora pública Carol Silva, registraram, nesta sexta-feira (7/10), um boletim de ocorrência na Polícia Civil do Distrito Federal contra a escola CCI, que levou as crianças para o encontro com Bolsonaro. Milsinho e Silva pedem também que o vídeo seja excluído das redes sociais dos aliados do presidente.
Na quinta-feira (8/10), aliados de Bolsonaro publicaram nas redes um vídeo do presidente cercado de crianças, no Palácio do Alvorada, cantando a música “Mostra tua força Brasil” e vestidas com blusas da Seleção Brasileira.
Milsinho e Silva afirmam que, além de não terem autorizado a gravação nem o compartilhamento do conteúdo, não lhes foi comunicado pela escola que as crianças seriam levadas para o Palácio do Alvorada para encontrar o presidente.
Em conversa com a coluna, Milsinho disse que autorizou a ida de sua filha a um passeio escolar, que, segundo a CCI, passaria por pontos turísticos de Brasília para gravar um vídeo para a Copa do Mundo. A escola pediu também que os alunos usassem uma blusa do Brasil.
“Eu e a mãe da minha filha mandamos ela com a blusa branca, porque não queríamos que associassem ela com política. Não é sobre ter lado, é sobre proteger minha filha, que não tem nem 10 anos. E aí eu descobri sobre o vídeo porque as pessoas vieram comentar comigo. Nós estamos muito tristes, nossa filha está sendo exposta mundialmente. Eu sinto que não consegui proteger minha filha”, disse, com a voz embargada de choro.
Compartilhado nas redes sociais de vários aliados do presidente, o vídeo também foi exibido no Jornal Nacional, nesta sexta-feira (7/10), como uma agenda oficial do presidente. No site do Planalto, contudo, não consta o compromisso na agenda de Bolsonaro.
Milsinho e Silva dizem se sentir de “mãos atadas” por não terem conseguido impedir que sua filha fosse exposta e associada politicamente. O cantor foi às redes sociais de aliados de Bolsonaro pedindo a retirada do vídeo, mas informou à coluna que não teve nenhum tipo de retorno.
“Nós tememos represálias, minha filha é negra, as pessoas estão matando pessoas por causa de cor de camisa e posicionamento político. A gente não quer que nossa filha passe por isso”, disse Milsinho, que irá à Justiça contra a publicação do vídeo.
A coluna não conseguiu contato com a escola nem com a campanha do presidente. O espaço está aberto para manifestações.