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Pacientes relatam rispidez e descaso após erros de cirurgião plástico

Pacientes se reúnem em grupo no WhatsApp chamado “Vítimas do Dalvo”

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Pacientes que acusam o cirurgião plástico cearense Dalvo Neto de erros médicos alegam terem sido tratadas com rispidez e descaso pelo médico. A coluna mostrou no domingo (8/8) que Dalvo Neto, um dos principais cirurgiões plásticos do Ceará e famoso por operar influenciadoras digitais e cantoras, está sendo processado por três pacientes que o acusam de erros variados, em implantes mamários, lipoaspirações e enxertos em nádegas.

Existe, entretanto, um padrão nos relatos das pacientes ouvidas pela coluna — três de um universo de pelo menos 26 pessoas, reunidas num grupo de WhatsApp chamado “Vítimas do Dalvo”. Todas dizem ter sofrido com o descaso e a negligência do cirurgião após os erros, o que o médico nega.

A secretária Kathianne Batista, que tinha o sonho de ter seios maiores e ficou com eles de tamanhos diferentes, conta que até hoje tem pesadelos com os traumas emocionais e físicos que sofreu em decorrência da operação. Já na madrugada após sua cirurgia de implantes mamários, Batista conta que foi rispidamente chamada de “ansiosa” e orientada a “ir dormir” após ligar para Dalvo Neto queixando-se de dor.

Segundo ela, toda vez que se queixava de algo referente ao seu procedimento, o cirurgião dizia que estava “tudo normal”. Batista disse que por ele não levar suas queixas com seriedade e ser ríspido, ela passou a questionar a funcionária que ela contratara da equipe do próprio cirurgião para auxiliá-la no pós-operatório, se o que estava passando era normal.

“Eu sentia muita dor, com o passar do tempo meu peito abriu e jorrava um líquido, eu perguntava para ela se era normal e ela, preocupada, questionava o Dalvo, mas ele não respondia”, contou.

Na sua consulta de um ano após a cirurgia, Dalvo Neto cancelou em cima da hora e a secretária, segundo Batista, ofereceu um desconto em um procedimento de botox pelo imprevisto. Foi naquele momento que ela percebeu a negligência dele com seu caso e resolveu procurar outros profissionais.

“Eu disse para a secretária dele que talvez se eu fosse uma das famosas que ficam bajulando e fazendo propaganda para ele na internet, eu não estaria sendo tratada daquele jeito”, recordou.

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Kathianne Batista hoje, sem próteses
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Prótese encapsulada de Kathianne Batista após o procedimento

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Kathianne Batista hoje, sem próteses

Tendo conhecido Dalvo Neto por seu Instagram e pela fama que tem no estado, a cirurgiã-dentista Jeordana Cordeiro tinha outra imagem do médico, diferente da que ela conta ter encontrado ao procurá-lo por duas cirurgias de lipoaspiração e de implantes mamários. Conta que o cirurgião nunca foi cortês e sempre a tratou com “grosseria e ignorância”, mesmo antes dos erros. Segundo ela, Dalvo Neto nunca ofereceu um canal direto de contato para eventuais emergências. No dia em que seu peito jorrou um líquido causado pela infecção da prótese, Cordeiro não sabia a quem recorrer por ajuda.

“Eu mandei mensagem para a secretária dele, que não me retornou. Então uma amiga minha, que era próxima dele, me passou o contato pessoal dele e meu marido ligou contando o que estava acontecendo e questionando por que ele mandava eu continuar com o implante”, lembrou a cirurgiã-dentista.

Neste dia, o marido de Cordeiro e Dalvo Neto discutiram porque uma de suas mamas já estava em processo inflamatório havia dois meses e o cirurgião insistia, segundo ela, que se “acostumasse” com as próteses. Cordeiro conta também que seus braços também ficaram deformados devido à técnica de lipoaspiração exclusiva do médico. 

Após a retirada da prótese, Dalvo Neto se recusou a devolver o dinheiro que a cirurgiã-dentista investiu na cirurgia  que, segundo ela, causou-lhe danos emocionais e físicos. Segundo Cordeiro, o médico disse que ofereceria uma cirurgia reparadora de graça, mas não devolveria o valor. Ela se recusou a ser operada novamente por ele.

“O tempo todo, ele foi muito ignorante, indelicado e frio, sabe? Eu falei para ele que preferia morrer do jeito que eu estava do que ser operada por ele de novo”, relembrou.

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Processo inflamatório do procedimento
Deformação dos braços devido à lipoaspiração
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Jeordana Cordeiro hoje sem as próteses

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Processo inflamatório do procedimento

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Deformação dos braços devido à lipoaspiração

A mesma proposta de reparação foi feita à vendedora Adrissia Cavalcante, que perdeu uma de suas auréola após um procedimento de substituição de implante mamário. Ela recusou ser operada por Dalvo Neto de novo. Mas antes de ele oferecer o procedimento reparador, o médico a acusou, segundo ela falsamente, de ter saído para festas após a cirurgia.

“Eu fiquei acompanhada de profissionais da equipe dele durante 20 dias, nem banho eu tomava sozinha. Quando ele me acusou, eu confrontei ele com essa informação e ele viu que tinha falado besteira”, lembrou Cavalcante, que gravou um áudio do momento da acusação.

A vendedora explicou que a medida de gravar a consulta foi tomada pois já havia sido destratada em outras ocasiões pelo cirurgião. Ela conta que levava a Dalvo Neto os problemas com a cicatrização e necrose de sua auréola, e ouvia que nada de anormal ocorria.

Cavalcante pediu que o cirurgião pagasse seu procedimento de reparo com outro profissional, mas ele se negou. No áudio da consulta enviado pela vendedora à coluna, diz Dalvo Neto:

“Eu faço sua cirurgia. Pagar para outro, eu não pago, não. Eu não fiz nada, você que se exaltou”.

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Aréola de Adrissia Cavalcante no início do processo de necrose
Queda da pele da aréola
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Adrissia Cavalcante perdeu sua aréola após o procedimento com Dalvo Neto

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Aréola de Adrissia Cavalcante no início do processo de necrose

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Queda da pele da aréola

Questionado pela coluna sobre os erros nos procedimentos e sobre sua conduta, Dalvo Neto negou que tenha sido negligente. “O organismo não é uma equação matemática exata, nós aprendemos que dois mais dois é igual a quatro, mas na medicina pode ser igual à cinco”. Disse ainda que o excesso de pacientes o impede de dar atenção a todos. “A vida do médico é muito louca, a gente trabalha muito. Eu tenho uma equipe que dá o suporte necessário às pacientes, eu não consigo dar suporte a todas elas”.

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metropoles.comGuilherme Amado

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