metropoles.com

Rosa Magalhães: lembre os 7 desfiles que a fizeram a campeã da Sapucaí

Maior vencedora do Sambódromo, carnavalesca Rosa Magalhães morreu aos 77 anos, vítima de um infarto

atualizado

Compartilhar notícia

Reprodução
Rosa Magalhães posa, sorridente, para as câmeras - Metrópoles
1 de 1 Rosa Magalhães posa, sorridente, para as câmeras - Metrópoles - Foto: Reprodução

O Carnaval perdeu na quinta-feira (25/7) Rosa Magalhães, a maior vencedora da história do Sambódromo. Ao longo de 50 anos de carreira, a carnavalesca venceu sete títulos, sendo cinco deles com a Imperatriz Leopoldinense. Ela também teve vitórias com a Império Serrano e a Vila Isabel.

Rosa morreu aos 77 anos, em sua casa, em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, após sofrer um infarto. O corpo dela será velado no Palácio da Cidade, aberto ao público durante a tarde desta sexta-feira (26/7), até as 16h. Depois, será levado para o Cemitério São João Batista, onde será enterrado em cerimônia restrita a amigos e familiares.

A “professora”, como ficou conhecida no mundo do Carnaval, iniciou sua carreira em 1970 como assistente no Salgueiro, em uma época em que mulheres não tinham protagonismo na festa popular. Seu primeiro título veio 12 anos depois, em 1982, quando ela estava no Império Serrano.

1982, o primeiro título

Rosa assinou o enredo ao lado de outra mulher, Lícia Lacerda. Elas eram discípulas de Fernando Pamplona, que teve a ideia da história. Juntas, elas criaram o “Bum Bum Paticumbum Prugurundum”. O enredo era uma crítica ao próprio Carnaval e a sua espetacularização a despeito dos sambistas. A escola entrou na avenida às 10h30 da manhã sob sol forte, o que fez algumas pessoas desmaiarem, mas o samba, que já fazia sucesso nas rádios, empolgou o público. Este foi o primeiro e único título conquistado pela Império Serrano.

“Fica aqui a nossa gratidão por tudo que você, Rosa, fez pelo Carnaval, pela contribuição na nossa história e à arte”, publicou a escola no X.

Cinco triunfos com a Imperatriz

Foi na Imperatriz Leopoldinense que Rosa Magalhães conquistou a sua maior quantidade de títulos: cinco, incluindo um tricampeonato. Os triunfos foram em 1994, 1995, 1999, 2000 e 2001.

O primeiro título com a Imperatriz — o segundo de Rosa — veio com “Catarina de Médicis na corte dos Tupinambôs e Tabajeres”. Rosa levou à Avenida a visita de indígenas brasileiros à corte francesa, em 1550. Era seu terceiro ano na escola, trazida por Viriato Ferreira, após ter conquistado o 3º e o 2º lugar.

“Esse desfile é considerado, por muitos, como o trabalho mais bem elaborado de Rosa Magalhães. A preocupação com os detalhes, nos carros e alegorias, e a originalidade e leveza das fantasias criaram um conjunto visual dos mais impressionantes jamais apresentados. Essa preocupação se tornou o traço marcante do trabalho de Rosa e dos desfiles da Imperatriz”, afirmaram Cristina Tranjan e Aurélio Nogueira, professores da Escola de Belas Artes da UFRJ, no artigo “Rosa Magalhães no Carnaval carioca e na Escola de Belas Artes: A obra e a arte de uma carnavalesca”.

4 imagens
Morre, aos 77 anos, Rosa Magalhães, a maior carnavalesca do Rio
Milton Cunha e Rosa Magalhães posam juntos durante uma entrevista
"Contadora de histórias", afirma Milton Cunha sobre Rosa Magalhães
1 de 4

Reprodução/New Mag
2 de 4

Morre, aos 77 anos, Rosa Magalhães, a maior carnavalesca do Rio

Twitter/Reprodução
3 de 4

Milton Cunha e Rosa Magalhães posam juntos durante uma entrevista

Reprodução
4 de 4

"Contadora de histórias", afirma Milton Cunha sobre Rosa Magalhães

Reprodução

“Mais vale um jegue que me carregue, que um camelo que me derrube lá no Ceará” foi o enredo criado por Rosa que a fez ganhar o seu segundo título pela Imperatriz, em 1995. A carnavalesca usou o humor para recontar a primeira vez em que houve uma expedição ao interior do Ceará, sob ordens de D. Pedro II. Para a missão, foram exportados dromedários do norte da África, animais que não se adaptaram ao clima brasileiro e nem os expedicionários a eles. E por isso o fim da missão acabou sendo feita de jegue.

Depois de três anos sem títulos, um novo triunfo. O ano de 1999 inaugurou uma sequência de três títulos. O enredo do quarto título de Rosa foi “Brasil mostra a sua cara em… Theatrum Rerum Naturalium Brasilie”. A Imperatriz mostrou na avenida um desfile baseado na obra do pintor holandês Eckhout, que retratou o Brasil durante o século XVII. Ele veio ao país junto com Maurício de Nassau, que o deu a missão de retratar animais e a vegetação brasileira. O desfile se baseou em uma coleção de quatro livros que ficou perdida até 1972 e foi encontrada em uma biblioteca da Polônia. Na comissão de frente, Rosa trouxe bailarinos que formavam o mapa do Brasil.

O ano de 2000 foi a vez de Rosa dar vida a “Quem descobriu o Brasil foi seu Cabral, no dia 22 de abril, dois meses depois do Carnaval”. O desfile não fugiu muito ao enredo e contou a viagem de Cabral até o Brasil. O que garantiu a vitória à Imperatriz foi a destreza em mesclar cores e o desfile sem erros.

O título que garantiu o tricampeonato, feito que nenhum outro carnavalesco tem, veio com “Cana-caiana, cana roxa, cana fita, cana preta, amarela, pernambuco… Quero vê descê o suco, na pancada do ganzá”. Rosa era amante de nomes grandes para enredos. Segundo Cristina Tranjan e Aurélio Nogueira, “a qualidade das alegorias e a originalidade e malícia do enredo sobre a cana (que terminaria numa homenagem inesquecível ao compositor mangueirense Carlos Cachaça), associados ao samba de forte apelo popular que empolgou a escola, foram a receita para o sucesso”.

“Seu legado pro carnaval é imensurável e todas homenagens serão pequenas diante do tamanho do amor que a Imperatriz tem por Rosa Magalhães. Valeu, Rosa”, se despediu a Imperatriz Leopoldinense nas redes sociais.

O último título

O último dos sete títulos conquistados por Rosa foi com a Vila Isabel, em 2013. A carnavalesca deu vida a “a Vila canta o Brasil celeiro do mundo – Água no feijão que chegou mais um…”.

O enredo nasceu em meio a controvérsia. Ele foi patrocinado por uma empresa alemão de produtos químicos. Houve receio no Brasil de que a companhia pudesse entrar no país para produzir agrotóxico. A letra teve Martinho da Vila como um dos compositores, que exigiu que o samba enredo abordasse a reforma agrária de alguma forma. Depois de discussões, a letra trouxe apenas o verbo “partilhar”.

Na avenida a escola trouxe uma comissão que representava o transporte dos alimentos. Além disso, bailarinos e porta-bandeiras e mestres-salas representaram plantões e pragas. Já os músicos da bateria usaram fantasias de espantalhos.

Receba o conteúdo da coluna no seu WhatsApp

Siga a coluna no Instagram

Siga a coluna no Twitter

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

sino

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

sino

Mais opções no Google Chrome

2.

sino

Configurações

3.

Configurações do site

4.

sino

Notificações

5.

sino

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?