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Operações policiais no Rio de Janeiro afetaram 80 mil alunos em 2023

Dados exclusivos mostram que operações fizeram o protocolo de segurança ser acionado nas escolas 1.322 vezes só em 2023

atualizado

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Aline Massuca
Jacarezinho
1 de 1 Jacarezinho - Foto: Aline Massuca

Operações policiais afetaram 80 mil alunos e 243 escolas na cidade do Rio de Janeiro desde o início do ano letivo de 2023, que começou no dia 7 de fevereiro. Dados da Secretaria Municipal de Educação mostram que, nos últimos dois meses, as escolas acionaram o protocolo de segurança em tiroteios 1.322 vezes.

O impacto da violência na educação da cidade aumentou se comparado aos dados do mesmo período de 2022. A Secretaria Municipal de Educação registrou que, em fevereiro e março do ano passado, 192 escolas e 60 mil alunos foram impactados por operações policiais. O protocolo de segurança foi acionado 522 vezes naquele período. O número é quase três vezes menor do que o registrado no mesmo intervalo de 2023.

Na quarta-feira (5/4), um caveirão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) invadiu o pátio de uma escola municipal no Complexo da Maré para prender suspeitos que se escondiam no local. O prédio da escola estava vazio. As aulas foram canceladas horas antes.

 

Quando a operação policial acontece antes do horário escolar, a Secretaria de Educação do Rio emite um alerta para as escolas da região que será afetada avisando do cancelamento das aulas. No entanto, quando o confronto acontece sem aviso prévio durante o horário escolar, as escolas acionam o protocolo de segurança do Programa Acesso Mais Seguro, criado pela pasta com a Cruz Vermelha.

O Acesso Mais Seguro segue os mesmos protocolos de escolas situadas em países em situação de guerra, como Síria e Ucrânia. Em entrevista à coluna, o secretário municipal de Educação, Renan Ferreirinha, criticou o impacto que as operações policiais têm na vida acadêmica das crianças.

“Não faz sentido a gente ter alunos perdendo 30 dias de aula por ano por causa de violência, seja por causa de guerra de facções, seja por causa de operações. É muito triste. A escola é um local sagrado, de paz, que não pode ser palco de tiroteio, rota de fuga, seja de bandidos ou do Estado”, disse Ferreirinha.

Leia mais trechos da entrevista abaixo.

Como a Secretaria Municipal de Educação no caso dos caveirões do Bope que invadiram o pátio do Centro Integrado de Educação Pública (Ciep) na Maré?

A Polícia checou com a gente se estava tendo aula e a gente confirmou que não tinha nenhum funcionário e nenhum aluno na escola, porque cancelamos as aulas a partir da informação que eles passaram [sobre a operação]. Nenhuma das 21 escolas do entorno estava funcionando. A Secretaria atuou antes e vai atuar agora, na assistência dessa escola, depois do que aconteceu através do Núcleo Interdisciplinar de Apoio às Unidades Escolares.

O que é o núcleo?

É um grupo que conta com 200 profissionais, entre psicólogos, assistentes sociais, pedagogos, que atuam especialmente no acolhimento de unidades em territórios conflagrados, no apoio a certas questões, e no pós-traumático. Por exemplo, o episódio da Maré, mesmo que aquele aluno não tenha estado na escola, ele certamente viu as imagens do caveirão entrando na escola.

Quais são as ações que a Secretaria de Educação faz para diminuir o impacto da violência no desempenho acadêmico dos alunos?

Não dá para dizer que os confrontos não deixem consequências pedagógicas, mas a gente faz de tudo para mitigar. Então, se for necessário que a gente tenha que enviar um material extra para casa, para suprir os dias perdidos, a gente envia, temos aulas de reforço, círculos de leitura… E eu queria enaltecer o trabalho dos nossos professores, porque, se não fosse a dedicação absurda deles, isso não seria possível.

Existe algum tipo de diálogo entre a Secretaria Municipal de Educação e as forças de segurança do estado sobre o assunto?

Existe a parceria no que diz respeito ao Centro de Operações, para que a celeridade da informação sobre operações policiais seja a maior possível. Qualquer coisa relacionada à escola, a gente tem uma abertura para poder cobrar, para poder estar à frente. Mas eu acho surreal que a gente tenha que dedicar tanto tempo para discutir a segurança escolar em diferentes aspectos.

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metropoles.comGuilherme Amado

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