O sinal para o Planalto de que a interina na PGR não fará barulho
Subprocuradora Elizeta Ramos assumiu o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) após o fim do mandato de Augusto Aras
atualizado
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Nas semanas que antecederam a saída de Augusto Aras da Procuradoria-Geral da República, quando ficou claro que a demora de Lula para escolher o novo PGR levaria o Ministério Público Federal (MPF) a ser comandado por um interino, havia um temor sobre quão barulhenta poderia ser essa interinidade. O receio não era infundado.
Chegou ao palácio que a interina, a subprocuradora Elizeta Ramos, vice-presidente do Conselho Superior do MPF, a quem cabe comandar o órgão nesses casos, seria bolsonarista. Outros disseram que ela não teria nenhum tipo de constrangimento em atuar contra aliados do Planalto — o que, aliás, deveria ser uma característica de qualquer PGR.
Lula foi então alertado de que, pior do que uma interina sobre que não se tinha referência, seria uma interinidade sem que estivesse definido quem será o novo PGR. Ou seja: a interina não teria ideia de para qual lado os ventos soprariam quando terminasse seu período no cargo.
Mas ministros do palácio respiraram aliviados quando souberam que Elizeta havia escolhido como vice-procuradora-geral a subprocuradora Ana Borges, que, embora tenha a fama de ter a caneta forte, é casada com um candidato a PGR, o subprocurador Carlos Frederico dos Santos.
O raciocínio de assessores de Lula foi que, se estivesse disposta a incendiar Brasília, Elizeta não nomearia para esta função alguém que dificilmente partirá para cima do Planalto neste momento.