O interesse de Renan na exclusão da renda mínima do teto de gastos
Decisão de Gilmar Mendes interessou a Renan Calheiros pelo enfraquecimento do arquirrival Arthur Lira, liderança do Centrão
atualizado
Compartilhar notícia
O senador Renan Calheiros é um dos mais interessados na decisão do ministro Gilmar Mendes, do STF, que determinou neste domingo (18/12) que os recursos destinados a garantir uma renda mínima à população estão fora da regra fiscal do teto de gastos em 2023. A decisão de Gilmar redefiniu o tabuleiro político às vésperas da posse de Lula.
A ordem judicial enfraquece Arthur Lira, presidente da Câmara e arquirrival de Renan Calheiros. Lira perde poder de negociação para aprovar a proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, uma vez que os gastos sociais são uma importante fatia do texto do governo Lula que tramita na Câmara. O grupo de Lira fica com menos força para barganhar por ministérios, por exemplo.
A decisão de Gilmar atendeu a um pedido da Rede, do senador Randolfe Rodrigues, atual aliado de primeira hora de Renan. Às 23h deste domingo (18/12), Renan foi ao Twitter comemorar a medida antes mesmo do colega.
Desde que Lula foi eleito, Renan tem atuado publicamente para esvaziar os poderes de Lira, seu adversário político em Alagoas. O senador havia criticado a PEC da Transição, alegando que Lula havia errado em procurar o Centrão em vez de uma abertura de crédito extraordinário ou conversar com o Tribunal de Contas da União.
“A aliança com o Centrão apavora porque sinaliza descompromisso na política fiscal, imprevisibilidade e vai na contramão das urnas”, disse Renan no mês passado, fustigando Lira, uma das lideranças do Centrão.
Nesta segunda-feira (19/12), Lira teve mais um revés do STF, e Renan, mais um motivo para comemorar. O tribunal decidiu, por seis votos a cinco, que o orçamento secreto é inconstitucional. Essa modalidade sem transparência de emenda parlamentar explodiu durante o governo Bolsonaro, com o objetivo de negociar apoio de políticos do Centrão, incluindo Lira.