Nova absolvição de PMs de chacina repete padrão do RJ
Todas as grandes chacinas do estado que tiveram policiais envolvidos e foram julgadas no Tribunal do Júri tiveram agentes absolvidos
atualizado
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Policiais Militares envolvidos na chacina de Nova Brasília, em 1994, no Complexo do Alemão, foram absolvidos por júri popular nesta terça-feira (17/08). A decisão segue um padrão: todas as grandes chacinas do estado que tiveram policiais envolvidos e foram julgadas no Tribunal do Júri tiveram agentes absolvidos.
Na chacina da Candelária, que ocorreu em 1993, policiais militares assassinaram oito meninos de rua. Anos depois, dos cinco acusados, apenas dois foram condenados pela Justiça e um foi absolvido em júri popular, mesmo após ter confessado o crime.
O mesmo caso ocorreu na chacina de Vigário Geral, também em 1993, que vitimou 21 moradores da comunidade localizada na Zona Norte do Rio de Janeiro. Os PMs pretendiam vingar a morte de quatro policiais por traficantes da comunidade. Dos doze que foram levados a júri popular, dez foram absolvidos.
A decisão do Tribunal do Júri sobre a chacina de Nova Brasília, que resultou na morte de treze pessoas, não é uma novidade em uma cidade que considera a chacina mais letal do Rio de Janeiro, a do Jacarezinho, ocorrida em maio deste ano, bem-sucedida.
Em entrevista à coluna em julho deste ano, a pesquisadora Poliana da Silva Ferreira, autora do livro “Justiça e letalidade policial”, pontuou que os integrantes de um tribunal de júri, além de não terem preparo legal para tomar determinadas decisões, também são influenciados pelos ideais da sociedade na qual estão inseridos.
Explicou a pesquisadora:
“São essas pessoas [que consideram a chacina do Jacarezinho bem sucedida] que sentam no tribunal do júri para julgar os policiais que são réus. Não tem como esperar algo diferente do grande número de absolvição de agentes de segurança pelo júri popular”.