Nobel de Economia contradiz Paulo Guedes sobre salário mínimo e desemprego
Guedes defende que reajuste do salário mínimo pode causar demissões em massa
atualizado
Compartilhar notícia
O economista canadense David Card, um dos três vencedores do Prêmio Nobel de Economia, anunciado nesta segunda-feira (11/10), mostrou em seu estudo que aumentar o salário mínimo nem sempre causa o crescimento do desemprego, contrariando afirmações do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Guedes defende que o reajuste do salário mínimo pode causar demissões em massa. Por pelo menos duas vezes desde que entrou no governo, o ministro defendeu a teoria rebatida pelo vencedor do Nobel da Economia.
Em dezembro de 2019, durante o coletiva de imprensa, Guedes disse que sua política salarial não defendia o reajuste do salário mínimo por que poderia causar demissões.
“Quando perguntam se tenho uma política salarial, eu falo assim: O que você quer? Que eu anuncie o salário mínimo para três, quatro anos à frente, dizendo que vai aumentar bastante em termos reais? Se eu fizer isso hoje, eu posso estar estimulando desemprego em massa”, disse em entrevista à imprensa.
Já em setembro de 2020, o ministro culpou a crise agravada pela pandemia para não aumentar os salários mínimos.
“A pandemia causa um efeito devastador no emprego. Então hoje, se concedermos um aumento real no mínimo, talvez milhões de pessoas sejam demitidas. Estamos no meio de uma crise de emprego terrível, todo mundo desempregado. Se dermos este aumento, estaremos condenando as pessoas ao desemprego“, disse Guedes.
O vencedor do Nobel da Economia concentrou seus estudos entre jovens e trabalhadores de redes fast-foods. Sua pesquisa revelou que o aumento do salário mínimo não prejudicou, mas pode ter impulsionado o crescimento de empregos na área estudada.
Em uma de suas principais obras, “Mito e medição: a nova economia do salário mínimo” em português, Card faz uma investigação detalhada dos efeitos do reajuste do salário mínimo sobre o desemprego e a pobreza.