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“Não há uma onda bolsonarista”, diz CEO de instituto que liderou acertos nos EUA

Segundo o CEO, a probabilidade de Bolsonaro vencer é de 25%, Lula tem 70% e um terceiro nome tem 5% de chance

atualizado

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manifestantes com cartazes em apoio ao presidente jair bolsonaro
1 de 1 manifestantes com cartazes em apoio ao presidente jair bolsonaro - Foto: Fábio Vieira/Metrópoles

A despeito das variações positivas ou pequenos crescimentos registrados pelas pesquisas, não existe, neste momento, uma onda de crescimento de Jair Bolsonaro no Brasil. A análise é de Andrei Roman, CEO do AtlasIntel, instituto que mais acertou resultados nas eleições presidenciais americanas em 2020 e mais perto chegou dentre todos os institutos dos resultados apurados nas eleições de capitais brasileiras naquele ano. Segundo Roman, o atual presidente tem só 25% de propabilidade de vencer a disputa. Lula tem 70%. E um terceiro nome tem 5%.

Baseado nos últimos números da pesquisa do instituto, que mostra Lula com 46,7% das intenções de voto e Jair Bolsonaro com 38%, Roman observa que o crescimento do presidente vem, há muito tempo, acontecendo de forma controlada e amparada nas políticas sociais criadas pelo governo no período eleitoral. A moderação no crescimento, portanto, indica que o país não vive a onda bolsonarista que ocorreu em 2018.

Criado em 2017, o Atlas acertou todos os resultados eleitorais do Brasil e do mundo a partir de 2019, quando começaram a realizar as pesquisas. Naquele ano, o instituto acertou o resultado das eleições argentinas, em 2020 chegou perto do melhor resultado das eleições dos Estados Unidos e dos pleitos municipais no Brasil. Neste ano, o Atlas conseguiu antecipar os resultados das eleições no Chile e Colômbia.

A pesquisa eleitoral do Instituto Atlas é a que aponta a menor distância entre Lula e Bolsonaro — de 8,7 pontos percentuais — dentre todos os levantamentos divulgados. Em entrevista à coluna, Roman explica o porquê da diferença.

O CEO fala também sobre os métodos usados na pesquisa, que, diferentemente da maioria, é feita pela tela do celular, sem interação humana ou contato por telefone, e analisa, baseado no levantamento, o cenário político do Brasil e as chances de Lula e Bolsonaro nestas eleições.

Leia os trechos mais importantes da entrevista abaixo.

Existe uma onda bolsonarista, uma onda de crescimento de Jair Bolsonaro, agora?

Não me parece. Existe, talvez, uma tendência de melhora na margem do Bolsonaro, mas não diria que é uma onda. O crescimento é bem lento, gradual, e em cima de três pontos específicos: a melhora econômica, com a diminuição dos preços inflacionados, o impacto do aumento do Auxílio do Brasil na população mais pobre, e um certo entusiasmo com a saída do Brasil da pandemia. Há também um clima de campanha, em que alguns dos eleitores de Bolsonaro em 2018, que não se sentiam mais confortáveis de votar nele, acabam voltando a ele por não existir nenhuma opção de candidato viável. E existe também o impacto dos palanques estaduais, onde Bolsonaro é apoiado por governadores com menos rejeição do que os candidatos de esquerda. Ele sempre esteve entre 33%, 34%, e hoje está em 38% das intenções de voto. Isso não é uma onda, leio isso como um fortalecimento de imagem.

Vocês mostram, há bastante tempo, uma diferença entre Bolsonaro e Lula no primeiro turno menor do que aponta a maioria das pesquisas. A que você atribui essa diferença nos parâmetros de vocês em relação aos outros?

São duas questões. A primeira é a ponderação pela renda. Se o Datafolha ponderasse por renda com os mesmos parâmetros que o Atlas faz, com a análise pela PNAD [Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, que investiga diversas características socioeconômicas da sociedade], mais da metade da diferença entre as duas pesquisas desapareceria. A segunda é que a interação humana afeta o viés da pesquisa. Algumas pessoas declaram para humanos opções diferentes das que elas declarariam na frente de um computador, sob o contexto de plena anonimidade.

Como funciona o método de pesquisa de vocês?

O método Atlas funciona como uma pesquisa telefônica, mas em vez de você receber uma ligação telefônica para responder, você vai ver na tela do seu celular ou no computador um convite para responder ao levantamento. Para garantir que a pesquisa seja respondida uma vez só pela mesma pessoa, cada questionário tem um identificador único. Então ele chega com esse identificador para o nosso sistema, que analisa se é um número válido. Existe também uma verificação de IP [endereço exclusivo que cada dispositivo tem na internet], usuários que responderam ao levantamento nos últimos 60 dias têm a pesquisa bloqueada. Sobre a amostragem, como existem grupos que são mais receptivos e estão mais na internet do que outros, vamos atrás especificamente dos grupos sub representados.

Muitos institutos não usam a PNAD pois temem que os indicadores de renda estejam desatualizados com a grande variação de renda da economia brasileira, e assim possam influenciar no resultado da pesquisa. O que você diz sobre isso?

Eu confio mais na PNAD para me dizer qual é a distribuição de renda da população do que no Datafolha. A PNAD tem uma amostra de centenas de milhares de domicílios, é uma pesquisa muito confiável a partir de uma metodologia científica altamente precisa e que basicamente serve para a criação de todas as políticas públicas em relação à pobreza no Brasil. Existe sim uma flutuação, mas ainda assim é uma âncora.

Dá para a gente fazer algum tipo de previsão sobre primeiro turno e segundo turno da presidencial?

Dá para pensar a eleição em termos probabilísticos. Aqui as pesquisas mostram que a probabilidade de o Lula ganhar, hoje, é maior do que a probabilidade de o Bolsonaro ganhar. Elas não dizem com certeza absoluta que o Bolsonaro não pode vencer a eleição; dizem, simplesmente, que existe uma diferença bastante consolidada.

Você tem um número para essa probabilidade?

Nos últimos 18 meses, a gente sempre trabalha com a probabilidade de 70% de chance de Lula vencer, 25% de Bolsonaro vencer e 5% de algum cenário alternativo. Se as próximas pesquisas mostrarem Bolsonaro empatando numericamente com Lula no primeiro turno, a chance de Lula ganhar no segundo seria em torno de 60% devido à transferência de votos de Ciro Gomes e Simone Tebet. Mas, se Bolsonaro passar Lula em dois pontos no primeiro turno, a gente consideraria que as chances seriam iguais para cada um dos dois vencer no segundo turno.

Há um receio de que, por nosso último censo ter muitos anos, isso possa influenciar na calibragem dos critérios das pesquisas. Você acha que é um temor devido?

É completamente indevido, pois temos a PNAD contínua que nos dá todos os dados que precisamos. Não é o censo a origem dos dados.

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Ciro Gomes (PDT) – Após idas e vindas, Ciro Gomes foi registrado como candidato à Presidência da República pelo Partido Democrático Trabalhista
Felipe d'Ávila (Novo) – O partido Novo lançou o cientista político Felipe d'Ávila como candidato da legenda à Presidência da República
Jair Bolsonaro (PL) – A filiação de Bolsonaro ao Partido Liberal colocou o atual presidente na corrida pela reeleição presidencial
Eymael (DC) – Eymael já era apresentado desde 2020 como pré-candidato do Democracia Cristã (DC) à Presidência
Leonardo Péricles (UP) – Presidente oficial da sigla, Péricles é candidato e vai concorrer ao cargo de presidente do Brasil em 2022
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Com cenário já definido, são 11 candidatos ao Palácio do Planalto. O primeiro turno das eleições acontece no dia 2 de outubro

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Luiz Inácio Lula da Sila (PT) – O ex-presidente é oficialmente candidato ao Planalto e o principal adversário do atual presidente

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Simone Tebet foi candidata à Presidência pelo MDB e agora está cotada para o Ministério do Planejamento

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Vera (PSTU) – O Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) escolheu a socióloga como candidata da legenda à Presidência da República

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Pablo Marçal

Igo Estrela/Metrópoles
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Soraya Thronicke (União) – É advogada, senadora e candidata a presidente pelo União Brasil

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