“Não dá para tratar facções sem polícia”, diz governador da Bahia
Jerônimo Rodrigues, governador da Bahia, questiona papel do Judiciário na crise de segurança e diz que só ação policial neutraliza facções
atualizado
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O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, do PT, disse à coluna que o Judiciário tem parcela de culpa na crise de segurança pública e que só a ação policial resolverá a ascensão de facções criminosas no estado.
Questionado sobre a segurança pública ser um tabu para o PT, Rodrigues afirmou que o partido tem um conceito próprio sobre o tema, mas que “é preciso botar a polícia para agir quando ela tem que agir”.
“Não dá para imaginar que vamos tratar de facções de uma forma que não seja com a polícia. É caso de delegacia”, disse Rodrigues, que apontou o armamento da população e a impunidade como fatores para a escalada da violência.
“Existem outras coisas que nos incomodam. Só esse ano apreendemos 60 fuzis. Uma das pessoas que prendemos tinha 20 passagens pela polícia. A Justiça soltou essas pessoas? Também temos que questionar o Poder Judiciário sobre essa solturas. A polícia prende, mas a Justiça tem que avaliar o tamanho da sua responsabilidade. Não é só ação do Executivo”, declarou.
Mais de 70 pessoas foram mortas em ações policiais na Bahia só em setembro. Rodrigues disse que não deu ordem para buscarem “cadáveres de criminosos, de policiais e nem de inocentes”. “Anteontem, chegou a informação que a polícia matou uma criança. Eu mandei apurar e punir quem for necessário. Minha ordem é para punir quem tiver que ser punido. Não aceitarei qualquer desvio de ética na Polícia Militar que não seja julgado.”
O governador afirmou que a prevenção à letalidade policial deve ser feita na formação inicial dos agentes. “Pegamos homens e mulheres com 20 e 30 anos. A formação policial ajuda, mas temos que fazer correções que vêm de origem. Vamos investir muito para a formação policial ter o conceito que queremos de direitos humanos.”
Apesar do discurso duro contra o crime organizado, Rodrigues evitou comentar a declaração do secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, sobre o combate ao crime não poder ser feito com “rosas”. Lideranças da esquerda apontaram que a fala era racista.
“A comparação que tenho que fazer é que estamos disputando os jovens com o crime. Vamos disputar cada jovem, cada criança e cada adulto, oferecendo as condições que o Estado pode oferecer”, declarou. “Existe um passivo de pobreza e de fome que desestrutura a sociedade. Muitas pessoas acabam se desvirtuando quando não têm uma família, uma escola que acompanha e um Estado que protege.”
O petista esteve em Brasília, na quarta-feira (4/10), para se reunir com a bancada de deputados da Bahia. Ele disse que pediu para a oposição conversar com o governo estadual para fazer melhor uso do dinheiro das emendas.
“Eu quero saber da oposição onde que podemos aplicar emendas. Uma das sugestões é investir na estruturação de instituições da Polícia Civil e Militar, mas também podemos estimular ações de segurança pública integradas com educação, cultura, esporte e lazer”, afirmou.