Mulheres que acusam Melhem e o próprio reclamam da demora da Justiça
Demora da Justiça dá espaço para descredibilização, apontam mulherem que acusam Marcius Melhem
atualizado
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O grupo de mulheres que denunciaram Marcius Melhem, ex-diretor do Núcleo de Humor da TV Globo investigado por assédio sexual, apontou em entrevista à coluna que a demora da Justiça em tornar o ator réu dá espaço para narrativas que as descredibilizam ganhem corpo. Melhem também critica a lentidão da Justiça.
Na sexta-feira (24/3), a coluna publicou uma entrevista exclusiva com as mulheres que acusam Marcius Melhem de assédio sexual e sete testemunhas que também foram chefiadas por Melhem. Todos integraram ou integram a área de humor da TV Globo.
As mulheres alegam também que, por se tratar de um possível crime de assédio, são frequentemente questionadas e têm suas versões colocadas em dúvida. Para elas, a falta de ação da Justiça coopera com esse movimento de tentativa de descredibilização.
“Crimes sexuais parecem que são os únicos que questionam as vítimas. Se você é assaltado, a pessoa não vai falar: “Mas você estava de celular na Avenida Paulista”. Você não vai procurar pôr a culpa na vítima. Mas nos crimes sexuais: “Ah! Mas ela estava rindo, mas ela estava de saia, ela estava bêbada. Mas ela não gostava? Mas ela não flertou de volta?”. Nada autoriza o assédio”, disse a atriz Dani Calabresa, a primeira a denunciar Melhem.
Investigado, o ex-diretor do Núcleo de Humor da TV Globo também reclama da “morosidade” da Justiça em encerrar o caso. Melhem alega que, se as acusações contra ele fossem verdade, já teria virado réu e acusa as vítimas de manobras judiciais para manter o processo tramitando.
“Já passaram três promotores pelo caso. Três mulheres. Por que não me tornam réu? Uma canetada pode dizer que eu sou inocente ou o contrário. Se esses quatro estágios da advocacia que estão por trás desse caso tivessem a convicção de que a peça de acusação está bem montada, por que não deixa acabar? Por que não deixa o Ministério Público concluir? Não deixa. Eles não deixam”, reclamou Melhem.