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MP descreve modus operandi de Marcius Melhem em assédios sexuais

Marcius Melhem diriga-se às vítimas com termos como “gostosa”, “você tá uma delícia com essa roupa” e “vou conferir esse figurino de maiô”

atualizado

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Marcius Melhem na Globo
1 de 1 Marcius Melhem na Globo - Foto: Reprodução

O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) denunciou Marcius Melhem, ex-chefe do núcleo de humor da TV Globo, por assédio sexual contra três mulheres que trabalhavam na emissora carioca. O documento apresentado à Justiça Federal do Rio de Janeiro aponta que o ator tinha um “modus operandi” ao assediar as funcionárias.

De acordo com o texto, o humorista se aproximava das vítimas no ambiente de trabalho utilizando-se da imagem do chefe protetor e aos poucos estabelecia uma sensação de intimidade com todas.

“A posição de autoridade hierárquica e protetor era a todo tempo lembrada em cobrança de gratidão e retribuição. O discurso e postura amistosas eram utilizadas como estratégia para não só se aproximar, mas também confundir a vítima sobre a situação de abuso que vivenciava”, diz o texto.

Depois de estabelecer a suposta intimidade, segundo com o MPRJ, Marcius aumentava a quantidade de elogios que progressivamente passavam a girar em torno da aparência física das vítimas e, em seguida, a ter conotação sexual.

O denunciante diriga-se às vítimas com termos como “gostosa”, “você tá uma delícia com essa roupa” e “vou conferir esse figurino de maiô”. “Até chegar a expressões lascivas ditas travestidas de brincadeiras como ‘você me deve um boquete por te trazer para Globo’; ‘um dia vou te pegar’; ‘vou te cobrar com favores sexuais'”, aponta o Ministério Público.

A denúncia revela que as investidas de Marcius aconteciam em um tom jocoso e acabavam disfarçadas pela informalidade da profissão de humorista. “Desta forma, o discernimento das vítimas quanto ao que seria uma brincadeira ou uma violência ficava extremamente prejudicado, assim como a possibilidade de oposição aos atos do chefe. Não sendo clara a ofensa, restava retirada da vítima a oportunidade de se defender. Em especial no ambiente de trabalho”, escreveu a promotora Isabela Jourdan.

Ainda de acordo com o documento, as atitudes do ator evoluiam para uma aproximação física inadequada com abraços e carinhos excessivos. Depois, os abraços viraram apalpações, tentativas de beijos forçados, propostas de sexo, tapinhas nas nádegas, apertões nos seios e até mesmo, em algumas situações, exposição de sua genitália.

Para o MPRJ, Marcius Melhem demostrava não respeitar as mulheres que lhe eram subordinadas e utilizava-se “de forma contumaz” da posição hierárquica superior para obter vantagem ou favorecimento sexual. A denúncia diz ainda que a abordagem sexual acontecia entre conversas sobre roteiro e escalação de elenco. Por isso, a promotora entende que “a  mensagem era velada, porém clara” que o destino profissional das vítimas estava nas mãos do diretor e que as funcionárias deveriam retribuir os “cuidados e favores do chefe”.

Na denúncia, o MPRJ destaca que Marcius acumulava a posição de roteirista chefe, diretor do núcleo de humor, supervisor artístico e outras funções de comando.  Além disso, o ator tinha um relacionamento direto com a cúpula da empresa.

“Esse acúmulo de posições de poder lhe conferia a indicação ou recusa do artista que deveria fazer determinado papel, bem como a definição da importância e destaque que a personagem teria, assim como também a quantidade e qualidade das falas a serem atribuídas. Restando assim, bastante clara a forma como as atrizes estariam submetidas a seu jugo”, diz o texto.

As denúncias

O Ministério Público ofereceu denúncia contra Marcius Melhem pelo crime de assédio sexual praticado contra três vítimas. O MP arquivou o processo de outras oito mulheres porque os crimes, que em tese teriam sido cometidos pelo humorista, prescreveram.

Entre as denúncias arquivadas, estão as de Dani Calabresa, Renata Ricci e Verônica Debom. As outras mulheres não serão citadas porque elas nunca falaram publicamente sobre os casos de assédio.

A prescrição do crime de assédio sexual é de quatro anos. A apuração do inquérito durou dois anos e meio. As três denúncias aceitas pelo MP foram cometidas no final de 2019 e início de 2020. As oito negadas aconteceram antes de agosto de 2019.

Marcius virou réu por assédio sexual na tarde de terça-feira (9/8). A Justiça do Rio de Janeiro aceitou a denúncia feita pela promotora Isabela Jourdan, do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ). Os casos pelos quais o humorista virou réu foram o assédio às atrizes Georgiana Góes e Carol Portes e contra uma jornalista, cujo nome será preservado pela coluna, já que ela não tornou público até hoje a acusação de assédio.

Em nota, a defesa de Melhem afirmou: “A escolha ilegal de uma promotora que não teve nenhum contato com as investigações, em evidente violação ao princípio do promotor natural, fato gravíssimo já levado à apreciação do Supremo Tribunal Federal, resultou, como se esperava, em uma denúncia confusa e inteiramente alheia aos fatos e às provas. Ignorando totalmente os elementos de informação do Inquérito Policial, a denúncia acusa Marcius Melhem do crime de assedio sexual contra três das oito supostas vítimas. No momento oportuno, esta absurda acusação será veementemente contestada pela defesa do ex-diretor, que segue confiante na Justiça, esperando que a Magistrada não dê prosseguimento ao processo, como lhe faculta a lei’. Nota assinada pelos advogados: Ana Carolina Piovesana, José Luis Oliveira Lima, Letícia Lins e Silva e Técio Lins e Silva”.

Entenda o caso

A coluna foi a primeira a entrevistar as mulheres que acusam Marcius Melhem, e uma série de testemunhas. Foram entrevistadas as atrizes Dani Calabresa, Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros; as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky; os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias; e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht. O humorista também foi ouvido na ocasião. A coluna entrevistou ainda o ator Luís Miranda e o diretor Maurício Farias.

Os casos pelos quais Melhem agora é réu foram o assédio às atrizes Georgiana Góes e Carol Portes e contra uma jornalista, cujo nome será preservado pela coluna, já que ela não tornou público até hoje a acusação de assédio.

A coluna foi a primeira a entrevistar as mulheres que acusam Marcius Melhem, e uma série de testemunhas. Foram entrevistadas as atrizes Dani Calabresa, Renata Ricci, Georgiana Góes, Veronica Debom, Maria Clara Gueiros; as roteiristas Luciana Fregolente e Carolina Warchavsky; os diretores Cininha de Paula e Mauro Farias; e os atores Marcelo Adnet e Eduardo Sterblicht. O humorista também foi ouvido na ocasião. A coluna entrevistou ainda o ator Luís Miranda e o diretor Maurício Farias.


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