Ministros do STF consideram que há provas de crimes de militares no 8/1
Integrantes do STF veem crimes em dois momentos por parte de militares no 8 de janeiro
atualizado
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Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) estão convencidos de que há provas suficientes sobre crimes cometidos por militares — de diferentes patentes — no 8 de janeiro. E esses crimes teriam sido cometidos, na visão de alguns ministros, em dois momentos.
Em um primeiro momento, ao proibir a Polícia Militar do Distrito Federal de desmontar o acampamento golpista, militares de patentes mais altas teriam permitido que o espaço servisse para a formação de uma célula terrorista, onde foram planejados e de onde partiram os ataques aos Três Poderes naquele domingo.
Conforme revelou a coluna, essa proibição ocorreu também na noite do 8 de janeiro, por parte do Comando Militar do Planalto (general Gustavo Dutra de Menezes) e do Comando do Exército (general Júlio Arruda). Os dois afirmaram ao interventor Ricardo Cappelli que não permitiriam a remoção. O comandante do Exército chegou a dizer para o então comandante da Polícia Militar, coronel Fábio Augusto Vieira, que a tropa sob seu comando era maior do que a da PMDF.
Em depoimento após ser preso, o coronel Jorge Eduardo Naime, que era o comandante de Operações da PMDF, afirmou que também havia sido proibido de desmontar o acampamento em dezembro, ainda no governo Bolsonaro, quando o Exército era comandado por Marco Antônio Freire Gomes.
Nesse rol de possíveis crimes, os ministros veem um conjunto de provas, formado pelos depoimentos já prestados e outros que ainda deverão ocorrer.
Já nos ataques propriamente ditos, a comprovação de conivência e omissão proposital está dada pelos vídeos, que mostram a Guarda Presidencial do Palácio do Planalto, formada por militares do Exército, não fazendo nada e deixando o palácio ser destruído.
Diversas imagens, algumas publicadas pela coluna, e relatos de servidores do Planalto, como este, também entrevistado pela coluna, mostram que os militares da Guarda Presidencial queriam deixar os golpistas saírem do palácio sem ser presos.
Em entrevista à coluna, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, afirmou que esses vídeos mostram um momento em que sua ordem para prender os terroristas ainda não havia chegado à tropa. G. Dias não explicou por que se daria outro tratamento que não a prisão a criminosos em delito flagrante.