Ministros de Bolsonaro fazem eventos pagos antes de doação a campanha
Fora do período de arrecadação para campanhas, os ministros Marcos Pontes e Tarcísio de Freitas prestigiam eventos com cobrança de entrada
atualizado
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Dois ministros de Bolsonaro que serão candidatos na eleição de outubro participaram de eventos com cobrança de entrada fora do período de arrecadação para campanhas eleitorais. Os candidatos só podem iniciar a captação dos recursos a partir de 15 de maio.
Pré-candidato ao governo de São Paulo, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, esteve no último dia 10 em uma churrascaria em Santos para participar de um jantar com empresários. O tenente Mosart Aragão, pré-candidato à Câmara dos Deputados, também esteve no local. Aragão é assessor especial de Bolsonaro.
O convite para o jantar custava R$ 150. Segundo a assessoria de Tarcísio, o ministro não se envolveu na organização do evento e compareceu ao local como convidado.
A assessoria afirmou que o evento foi organizado por Renato Bolsonaro, irmão do presidente e chefe de gabinete do prefeito Vinícius Brandão na cidade de Miracatu (SP), e que o valor dos convites era referente ao jantar que foi servido. “É precisamente o que a churrascaria cobra pelo rodízio, com bebida. Não houve arrecadação”, disse.
Já o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, participará de um almoço na próxima quarta-feira (16/2) no Clube Iate de Santos, em Higienópolis, bairro nobre paulistano. As entradas custam R$ 500. Os convites, disparados pelo WhatsApp, afirmam que o almoço reunirá 50 pessoas que integram “um grupo de simpatizantes para a candidatura do astronauta Marcos Pontes a deputado federal por São Paulo”.
O evento, de cunho eleitoral, acontecerá ao longo da tarde de um dia normal de expediente. Pontes permanecerá no local das 12h às 16h, segundo o convite. O valor do ingresso, também de acordo com o convite, deve ser depositado na conta da agência de publicidade Gorilla Comunicação.
Segundo especialistas em direito eleitoral ouvidos pela coluna, a participação dos candidatos em eventos que cobram entrada fora do período eleitoral não constitui irregularidade, mas a legislação proíbe que o dinheiro arrecadado seja revertido para o custeio dos gastos de campanha.
A coluna procurou a assessoria de Pontes e a empresa Gorilla Comunicação para saber qual será a finalidade do dinheiro arrecadado, mas não obteve retorno. O espaço está aberto para manifestações.