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Militar que enviou estudos a Cid nega ser parte de plano golpista

Em entrevista à coluna, o tenente-coronel Marcelino Haddad diz que “ninguém é a favor de golpe” e que, como militar, “defende a democracia”

atualizado

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Marcelino Haddad
1 de 1 Marcelino Haddad - Foto: null

O tenente-coronel Marcelino Haddad negou envolvimento no plano golpista descoberto pela Polícia Federal (PF) nas conversas e nos arquivos do celular de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. À coluna, ele disse que o material que mandou a Cid tratava de “questões doutrinárias” e não foi enviado para embasar uma tentativa de golpe.

A PF descobriu que Haddad enviou documentos a Cid tratando do papel das Forças Armadas em uma eventual crise institucional e da aplicação da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) prevista no artigo 142 da Constituição Federal.

Os textos foram produzidos para o Curso de Comando e Estado-Maior do Exército, no qual eles eram colegas. Segundo Haddad, o trabalho foi coordenado na época pelo próprio Mauro Cid, que pediu ajuda para recuperar o arquivo.

“Em nenhum momento ele me falou para o que era“, disse o tenente-coronel. “São três arquivos, um trabalho que foi feito em 2017, ele me ligou, me pediu, eu mandei, sem nenhum tipo de assunto, conversa. Eles (os artigos) só falam de questões doutrinárias, falam de defesa do Estado democrático, é o que está na Constituição”.

Naquela época, novembro de 2022, Cid falava abertamente com interlocutores sobre a ideia de dar um golpe de Estado e tinha em seu celular um documento que daria, supostamente, uma base teórica à empreitada. Haddad negou que tivesse conhecimento da intenção do então ajudante de ordens de Bolsonaro.

“Eu não tenho contato com ninguém em Brasília. Eu não sou do meio político. Eu sou um comandante de OM (organização militar), estou muito longe da cúpula.”

Questionado sobre se concorda com a interpretação de que o artigo 142 justificaria uma eventual intervenção militar em regime de exceção, como defendem alguns bolsonaristas, disse que “é justamente o contrário”.

“Claro que não. O que existe, quando a gente pesquisou, é justamente o contrário. Quando houve a discussão sobre isso na Constituinte, isso foi mantido, tem nas falas (dos constituintes), para que não houvesse novas quarteladas. Para que o Exército pudesse garantir o aperfeiçoamento da democracia.”

“Militares são democratas por natureza. Ninguém é a favor de golpe. A discussão é se não está tendo uma agressão à democracia. Isso é bem diferente. Não tem nada a ver com o que está se falando (de golpe). Isso é completamente fora de propósito.”

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