Mesmo com tornozeleira, preso no 8 de Janeiro foge da Justiça
Preso em frente ao QG do Exército vinha descumprindo sistematicamente medidas alternativas à prisão
atualizado
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Um dos golpistas do 8 de Janeiro que tiveram a prisão transformada em medidas alternativas, como uso de tornozeleira eletrônica, tomou chá de sumiço.
Detido em flagrante em frente ao QG do Exército em Brasília, no dia seguinte aos atos golpistas na capital, o baiano Elielson dos Santos, de 46 anos, vinha descumprindo sistematicamente as regras impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, ao autorizar sua saída da cadeia.
A tornozeleira eletrônica usada por Elielson desde 21 de janeiro emitiu sinais pela última vez em 8 de dezembro. Quando foram ao endereço para localizá-lo, em 15 de dezembro, os servidores do Centro Integrado de Monitoração Eletrônica (Cime) do Distrito Federal ouviram de duas pessoas que Elielson não morava mais ali, em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília. O único telefone dele cadastrado para contato está programado para não receber chamadas.
Somente entre 21 de setembro e 21 de novembro, o sistema de monitoramento acusou 72 ocorrências de violação, enumeradas em relatórios apresentados a Moraes.
Diante da interrupção do sinal do equipamento, e sem conseguir localizar Elielson dos Santos, o juiz substituto Clodair Edenilson Borin, da Vara de Execuções Penais do Distrito Federal, consultou o ministro do STF sobre se ele autoriza a desvinculação de Elielson da monitoração pelo Cime.
Antes de o monitoramento de Elielson dos Santos parar, ele vinha se dedicando diariamente a descumprir outras medidas impostas pela Justiça. Elielson deu as caras apenas uma vez à Justiça do Distrito Federal para justificar suas atividades, ainda em fevereiro de 2023. Ele também violou proibições, ao se encontrar com outros três investigados e passar pela Praça dos Três Poderes.
Elielson dos Santos foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República pelos crimes de associação criminosa e “incitação ao crime equiparada pela animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais”. A acusação contra ele foi suspensa por Alexandre de Moraes em agosto de 2023, quando foi aberta a possibilidade de que fossem negociados acordos de não persecução penal com a PGR.