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Mérito de derrotar Jair Bolsonaro é antes de tudo do povo brasileiro; análise

A derrota de Bolsonaro é o fato principal; o sujeito deste feito chama-se povo brasileiro

atualizado

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Hugo Barreto/Metrópoles
Jair Bolsonaro de costas imagem colorida
1 de 1 Jair Bolsonaro de costas imagem colorida - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Jair Bolsonaro foi derrotado. A notícia da noite deste domingo é antes essa do que a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Não que Lula vencer não seja notável. O presidente eleito se consagrou neste domingo como a maior liderança popular da história brasileira, num páreo em que só Getúlio Vargas corre ao seu lado. Mas a derrota de Bolsonaro, e portanto a vitória da democracia, dos direitos humanos e civis, do combate ao racismo, à misoginia, à homofobia, é o fato principal. E o sujeito deste feito chama-se povo brasileiro. Foi ele quem disse não. Ele, de novo, não.

O segundo turno foi necessário. Só assim conseguimos ver Fernando Henrique Cardoso ao lado de Lula pela primeira vez na história. O Brasil saiu mais forte quando Simone Tebet se abraçou a Marina Silva e a Eliziane Gama pela democracia. Quando João Amoêdo e Mano Brown declararam votar no mesmo candidato. Ou quando se viu uma caminhada na Faria Lima na mesma direção de uma carreata no interior da Bahia. O Estado de direito venceu a parada.

E nada disso teria sido possível sem que todos cedessem. Lula precisou conquistar o voto evangélico, que também precisaram, ao menos em parte, colocar a democracia à frente da manipulação da fé. O PT teve que passar a mão no telefone e pedir um voto de confiança, para os economistas que fizeram o Plano Real. O diálogo salvou o Brasil.

A estrada para reconstruir nossa democracia, que já era bem falha, é longa. Não podemos apenas voltar ao patamar que estávamos em 2018, ou melhor, em 2016, quando um impeachment indevido detonou o começo da erosão dos pilares que a sustentam. O Brasil precisa ir além. A democracia precisa ser eleições limpas, decisões respeitadas, Poderes independentes, mas também precisa ser sentida como meio de vida.

Mais do que nunca precisamos avançar na conquista e consolidação, por meio de leis mais fortes, dos direitos humanos, civis e sociais. Com urgência, a desigualdade tem que ser enfrentada com seriedade e como política de Estado. O mesmo para a preservação do meio ambiente, o que pode ajudar na fundamental reinserção internacional.

Para conseguir fazer tudo isso e tendo vencido por uma margem tão apertada, Lula precisará que essa base permaneça com ele. Terá que seguir a mesma perspectiva plural e contra-hegemônica, e apostar mais do que nunca no diálogo. Do lado desta coluna, terá uma rigorosa fiscalização, a melhor forma de o jornalismo contribuir para o fortalecimento da democracia.

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metropoles.comGuilherme Amado

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