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Mauro Vieira diz que Israel vive “página triste na diplomacia”

Chanceler Mauro Vieira deu declarações há pouco no Rio de Janeiro, na saída da Marina da Glória, local de reuniões do G20

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1 de 1 imagem colorida mostra ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira - Metrópoles - Foto: Márcio Batista/MRE

O chanceler Mauro Vieira, do Itamaraty, deu declarações há pouco no Rio de Janeiro, na saída da Marina da Glória, local de reuniões do G20, sobre a crise com Israel.

“Manifestações do titular da chancelaria do governo Netanyahu, de ontem e de hoje, são inaceitáveis na forma e mentirosas no conteúdo. Uma chancelaria dirigir-se dessa forma a um chefe de Estado, de um país amigo, o presidente Lula, é algo insólito e revoltante. Uma chancelaria recorrer sistematicamente à distorção de declarações e a mentiras é ofensivo e grave. É uma vergonhosa página da história da diplomacia de Israel, com recurso a linguagem chula e irresponsável”, criticou vieira.

Segundo Vieira, a atitude não teria adesão dos israelenses.

“Estou seguro de que a atitude do governo Netanyahu e sua antidiplomacia não refletem o sentimento da sua população. O povo israelense não merece essa desonestidade, que não está à altura da história de luta e de coragem do povo judeu. Em mais de 50 anos de carreira, nunca vi algo assim”, disse.

Prosseguiu o chanceler:
“Nossa amizade com o povo israelense remonta à formação daquele Estado, e sobreviverá aos ataques do titular da chancelaria de Netanyahu. O ministro Israel Katz distorce posições do Brasil para tentar tirar proveito em política doméstica. Enquanto atacou o nosso país em público, no mesmo dia, na conversa privada com nosso embaixador em Tel Aviv, afirmou ter grande respeito pelos brasileiros e pelo Brasil, que definiu como a mais importante nação da América do Sul. Esse respeito não foi demonstrado nas suas manifestações públicas, pelo contrário”.
Segundo o chanceler, o objetivo da ação de Katz seria criar uma cortina de fumaça.
“Além de tentar semear divisões, busca aumentar sua visibilidade no Brasil para lançar uma cortina de fumaça que encubra o real problema do massacre em curso em Gaza, onde 30 mil civis palestinos já morreram, em sua maioria mulheres e crianças, e a população submetida a deslocamento forçado e a punição coletiva. Isso tem levado ao crescente isolamento internacional do governo Netanyahu, fato refletido nas deliberações em andamento na Corte Internacional de Justiça. É este isolamento que o titular da chancelaria israelense tenta esconder. Não entraremos nesse jogo. E não deixaremos de lutar pela proteção das vidas inocentes em risco. É disso que se trata”.
E anunciou que não haverá resposta fora das regras da diplomacia:
“O embaixador de Israel em Brasília e o governo Netanyahu foram informados de que o Brasil reagirá com diplomacia, mas com toda a firmeza, a qualquer ataque que receber, agora e sempre”.

Desde segunda-feira (19/2), a diplomacia brasileira e a israelense vêm enfrentando uma crise devido à fala de Lula, que comparou a atuação do governo israelense na guerra contra o Hamas ao que Hitler fez com os judeus. Na própria segunda-feira, o ministro de Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, chamou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Frederico Meyer, ao Museu do Holocausto.

Já nesta terça-feira, o perfil oficial de Israel no Twitter acusou Lula de ser “negacionista do Holocausto”, o que é mentira. Uma publicação questionava: “O que vem à sua cabeça quando pensa no Brasil?”, com uma imagem da bandeira do Brasil. O perfil de Israel, então, respondeu: “Antes ou depois de Lula negar o Holocausto?”.

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