Marielle: vereador citado no caso tinha contrato com policiais
Defesa de Rivaldo Barbosa afirmou ao STF que o ex-vereador Marcello Siciliano contratou policiais civis para incriminarem os irmãos Brazão
atualizado
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A defesa do delegado Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia Federal como mentor intelectual do assassinato de Marielle Franco, disse ao Supremo Tribunal Federal que o ex-vereador Marcello Siciliano contratou agentes da Polícia Civil do Rio de Janeiro para produzirem um dossiê contra os irmãos Domingos e Chiquinho Brazão. O documento foi apresentado à Corte na noite dessa terça-feira (4/6).
Os advogados de Rivaldo enviaram ao STF documentos que mostram que os policiais civis Aloisio Russo Junior, conhecido como Aloisinho, e Mario Franklin Leite Mustrange foram contratados por Siciliano para investigações particulares. A relação contratual foi feita pela empresa Agência Nacional de Investigadores Associados, conforme uma denúncia do Ministério Público do Rio de Janeiro exposta no material mandado ao Supremo.
A defesa de Rivaldo Barbosa também citou conversas de Aloisinho de 2019. Em um dos diálogos, o policial civil disse que foi contratado por Marcello Siciliano para “salvá-lo” após o nome do ex-vereador ter sido citado como possível mandante da morte de Marielle Franco. Em outro, Aloisinho afirmou que poderia ligar os irmãos Brazão ao crime, bastando o vereador pagar pelo serviço.
Os advogados de Rivaldo ainda afirmaram ao STF que Siciliano teria contratado Aloisinho e Mustrange para “a confecção de um relatório paralelo de inteligência para incriminar os irmãos Brazão” e que os policiais teriam tido ajuda de policiais federais. Com essa tese, a defesa argumentou que as investigações da PF foram influenciadas.
O nome de Marcello Siciliano veio à tona no caso Marielle em meio a uma tentativa do delegado da PF Hélio Khristian de obstruir o rumo das investigações do caso. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal e alvo de uma punição disciplinar da corporação em 2023.
Khristian foi denunciado pelo MPF, em 2019, por usar intermediários para tentar extorquir R$ 300 mil de Sicilliano para não citá-lo como possível mandante dos assassinatos da vereadora e de seu motorista, Anderson Gomes. Foi o delegado que apresentou à Polícia Civil fluminense a testemunha que citou o ex-vereador como mandante do crime.