Marcos Pereira vaza zap com Rui Costa e ameaça processar repórter

Em meio às articulações que o levaram a abrir mão de disputar a Presidência da Câmara em 2025 e apoiar o correligionário Hugo Motta (PB) para o cargo, o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), vazou sem querer uma imagem de uma conversa entre ele e o ministro da Casa Civil do governo Lula, Rui Costa.

Por volta das 15h dessa quarta-feira (11/9), Pereira publicou na barra de Atualizações do WhatsApp o print de um diálogo com Costa. A coluna registrou uma imagem da publicação de Pereira, que foi apagada pouco depois pelo deputado.

No trecho vazado pelo próprio Marcos Pereira, ele comenta com Rui Costa sobre uma mensagem que Hugo Motta havia enviado a Pereira — e que o presidente do Republicanos, por sua vez, aparentemente havia encaminhado ao ministro.

“Hugo Motta sobre seu e [sic] pedido de apoiar o relatório do Arnaldo Jardin [sic]”, escreveu Pereira a Costa.

Dizia a mensagem que Marcos Pereira atribuiu a Hugo Motta: “Pode garantir a ele presidente”. “Grato”, respondeu Costa.

Veja abaixo as mensagens.

Ameaça de processo

A coluna procurou Marcos Pereira para perguntar sobre o teor da mensagem, e indagou se ele estava tratando do apoio de Hugo Motta, líder do Republicanos, a um pedido de Rui Costa. A coluna também perguntou se a publicação no WhatsApp havia sido sem querer.

Por fim, a coluna questionou Pereira sobre qual seria o relatório do deputado Arnaldo Jardim citado na mensagem a Costa. A reportagem perguntou especificamente se seria o texto a respeito do projeto de lei conhecido como “combustíveis do futuro”, que tem Jardim como relator na Câmara e teve o parecer divulgado e aprovado nessa quarta.

Ao responder à coluna, em três mensagens, Marcos Pereira afirmou: “nada a ver”, “vi agora”, “pro [sic] engano”.

A coluna insistiu com Pereira, indagando qual seria, então, o relatório em questão.

Respondeu Marcos Pereira, novamente em três mensagens: “amigo”, “vcs gostam de causar confusão”, “e eu vou fazer o que precisar ser feito”.

A coluna voltou a perguntar a ele sobre o relatório citado nas mensagens com Rui Costa. Dessa vez, o presidente do Republicanos foi mais claro no tom de ameaça de um processo: “Publique o que quiser”, “E eu vou procurar meus direitos”, “Abraço e passar bem”.

Assédio judicial a jornalistas

Em julho, a coluna noticiou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou que vai priorizar a aprovação de uma lei para combater o assédio judicial contra ativistas e jornalistas. Pacheco se comprometeu com a medida durante uma reunião fechada de que participou no congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).

O assédio judicial acontece quando jornalistas ou ativistas são processados em uma tentativa de intimidação e silenciamento. Em vez de obter uma vitória na Justiça, quem comete esse tipo de assédio tenta impor principalmente desgastes pessoais e custos financeiros.

Durante a reunião com Pacheco, a presidente da Abraji, Katia Brembatti, informou a ele que o Monitor de Assédio Judicial contra Jornalistas registrou 84 situações de assédio judicial contra profissionais da imprensa entre 2008 e 2024.

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