1 de 1 Onyx Lorenzoni em evento com Allan dos Santos nos EUA
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O ministro do Trabalho, Onyx Lorenzoni, participou nesta sexta-feira (25/3) de um evento com o extremista bolsonarista Allan dos Santos, foragido de uma ordem de prisão do STF há cinco meses. É a segunda vez que um ministro de Jair Bolsonaro prestigia o ativista neste ano.
Onyx fez uma videoconferência por 40 minutos no “1º Congresso Conservador Brasileiro de Boston”, na cidade americana. A participação do pré-candidato ao governo gaúcho pelo PL, partido de Bolsonaro, foi encerrada com uma oração com Allan dos Santos. Enquanto Onyx rezava do telão, Allan rezava com um pastor no palco.
O deputado bolsonarista Daniel Silveira também estava na divulgação do evento, mas não apareceu na transmissão. Também na sexta-feira (25/3), Silveira foi alvo de mais uma decisão do ministro Alexandre Moraes, do STF. O ministro mandou que o parlamentar colocasse tornozeleira eletrônica novamente e proibiu Silveira de participar de eventos públicos, sob risco de voltar à cadeia.
O extremista Allan dos Santos denominou sua palestra de “Cristão por trás da censura”. Allan não citou Moraes, que ordenou sua prisão em outubro e seu bloqueio no Telegram, no mês passado. A extradição do bolsonarista para o Brasil depende apenas dos Estados Unidos.
“Não vai ser tirano, um governo, uma autoridade policial, do Estado, ou qualquer coisa do tipo que vai me calar de dizer para as pessoas: ‘cuidado’. Quando eles começam a te censurar, no fim eles querem que você pare de anunciar”, disse Allan, fazendo referências a Deus.
“Se você se dobrar agora, amanhã você estará prostrado diante desse senhor chamado censor. Não ceda”, seguiu o blogueiro que desde a ordem de prisão do STF está morando nos Estados Unidos.
Em janeiro, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, viajou aos Estados Unidos e dividiu o palco de um evento com Allan, que voltou a fazer declarações antidemocráticas. O ministro disse não saber que o extremista estaria lá.
Poucos dias depois, foi a vez de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, ir aos EUA e insinuar que o amigo foragido era “exilado”. O embaixador brasileiro nos Estados Unidos, Nestor Foster, também confraternizou com Allan dos Santos em 25 de janeiro, no enterro do corpo do polemista Olavo de Carvalho.
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Allan dos Santos, nascido em 1983, é blogueiro, influencer, youtuber e ativista da extrema-direita. Natural de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, é, atualmente, foragido da Justiça brasileira e mora nos Estados Unidos com a família
Hugo Barreto/Metrópoles
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Allan é o criador do site Terça Livre e tornou-se conhecido por disseminar fake news. Antes de ter as redes sociais retiradas do ar, recebia dinheiro de financiamento coletivo bolsonarista e era seguidor fervoroso de Olavo de Carvalho
Hugo Barreto/Metrópoles
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O youtuber se tornou alvo da Polícia Federal após a abertura do inquérito das fake news em 2019, cujo relator é o ministro Alexandre de Moraes. O pedido, apresentado pela Procuradoria Geral da República, foi solicitado após uma manifestação bolsonarista que exigia o fechamento do STF, do Congresso e a restituição do AI-5 no país
Reprodução/Redes sociais
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Investigado por disseminação de notícias falsas na internet e atos contra a democracia, Allan teve prisão preventiva decretada em outubro de 2021, mas fugiu para os Estados Unidos, com visto de turista vencido
Hugo Barreto/Metrópoles
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Allan dos Santos e Eduardo Bolsonaro
Reprodução
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Allan dos Santos está foragido nos Estados Unidos
Reprodução
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O alcance dos ataques do bolsonarista só foi reduzido quando o Telegram, rede sem sede no Brasil, cumpriu outra decisão de Moraes e bloqueou o canal do extremista. A rede russa informou que o canal, que tinha 128 mil seguidores, “violou as leis locais”
Hugo Barreto/Metrópoles
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Com contas alternativas no Instagram, que ele divulgava no canal do Telegram, Santos burlava o bloqueio e insultava sobretudo o ministro Alexandre de Moraes.
Além das ofensas, divulgou viagens, fotos posadas ao lado do presidente Bolsonaro e com fuzis
Reprodução/Instagram
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Em seus canais alternativos, o militante criou mecanismos para receber doações em moeda estrangeira e até em Bitcoin, e chegou a dizer aos seguidores, em janeiro de 2022, que já não tinha dinheiro para pagar nem a própria defesa
Hugo Barreto/Metrópoles
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Após o pedido de prisão contra Allan, Alexandre de Moraes determinou que a Polícia Federal acionasse a embaixada do Brasil nos EUA e incluísse o jornalista na lista da Difusão Vermelha da Interpol. A intenção é garantir que ele seja capturado e extraditado ao Brasil
Aline Massuca/Metrópoles
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Segundo o ministro, Santos é suspeito de cometer crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa, calúnia, difamação, injúria, incitação ao crime de praticar, induzir ou incitar a discriminação ou o preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional
TSE
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Agora, a barreira que o STF encontra para levar a cabo a decisão de Morares é a própria lei dos EUA. Uma interpretação de que Allan dos Santos teria apenas, à luz da lei americana, dado sua opinião, e não feito uma ameaça, como suspeita Alexandre de Moraes, dificulta a movimentação do governo americano para prendê-lo
Hugo Barreto/Metrópoles
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Enquanto isso, o ativista bolsonarista continua atuando por lá, usando a internet para propagar conteúdo falso e violento e até participando de eventos com autoridades brasileiras
Roque de Sá/Agência Senado
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