Maior acusadora de Brazão levou denúncias a MPRJ e Coaf, sem sucesso
Em entrevista à coluna, Cidinha Campos disse que, após anos denunciando Brazão, não tinha esperanças que ele fosse ser detido
atualizado
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Autora de insistentes denúncias contra Domingos Brazão nos tempos em que os dois eram deputados estaduais no Rio de Janeiro, Cidinha Campos afirmou em entrevista à coluna nesta segunda-feira (25/3) que apresentou informações sobre Brazão ao Ministério Público do Rio e ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão encarregado de apurar movimentações de dinheiro suspeitas, mas as investigações não foram à frente.
“Eu fui ao Coaf, isso me indigna. Paguei uma passagem, fui a Brasília com um assessor, levei a vida, o histórico de roubalheira dele e o Coaf não fez nada. Entreguei no Ministério Público do Rio um monte de denúncias contra o Brazão, ninguém fez nada. Que bom que fizeram agora. Se tivessem acreditado no que eu disse, talvez Marielle estivesse viva. Ninguém acreditava que ele seria capaz de matar, até que ele matou”, disse Cidinha.
A ex-deputada estadual relatou ter tido uma sensação de “missão cumprida” ao ver Brazão sendo preso pela PF nesse domingo (24/3), por suspeitas de mandar matar a vereadora carioca Marielle Franco.
Ela foi alvo de ameaças de Brazão na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e citou na entrevista ao menos dois assassinatos que ela atribui ao ex-deputado, atualmente conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ).
“Sensação de missão cumprida, tive essa sensação. Finalmente aconteceu alguma coisa com esse homem. Eu não estou mais só, teve gente que investigou a vida dele e que está do meu lado. Foi essa sensação que tive. Fiquei muito mexida ontem quando vi ele descendo do avião da Polícia Federal, achei que eu tenho parte nessa história”, disse Cidinha Campos.
A ex-deputada contou que, antes de ver Brazão ser preso, era cética quanto a isso e lamentou que as autoridades só tenham chegado a ele em um caso de repercussão internacional, as mortes de Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes.
Segundo as investigações da PF, que incluem a delação premiada do ex-PM Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle, Brazão e seu irmão, o deputado federal Chiquinho Brazão, mandaram matar a vereadora e tinham um acordo com o delegado Rivaldo Barbosa, então chefe da Polícia Civil do Rio, para serem acobertados.
“Ele é dissimulado. Não tinha mais esperança de vê-lo preso, mas ontem, de alguma maneira, eu voltei a acreditar que vale a pena. Estou denunciando esse homem desde 2004 e não acontecia nada, até que aconteceu. Pena que custou a vida da Marielle, que se tornou um caso de interesse internacional, e daí a investigação não parou”, declarou Cidinha Campos.
Veja abaixo o trecho em que Cidinha fala sobre a prisão de Domingos Brazão. Assista aqui à entrevista na íntegra.