Lula não orientou e Padilha decidiu não atuar contra CPI do MST
Presidência e relatoria da CPI do MST devem ficar com a oposição, o que é incomum; Lula não orientou ministro a evitar comissão
atualizado
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O presidente Lula não orientou o ministro Alexandre Padilha, da Secretaria de Relações Institucionais e responsável pela articulação política do governo, a trabalhar na Câmara dos Deputados contra a instalação da CPI do MST.
O Movimento dos Sem Terra já vinha há semanas com a sensação de que o Planalto estava de braços cruzados em relação à tramitação da CPI que, na análise da cúpula do movimento, tem como objetivo atacar o governo e não o MST. O assunto foi levado por eles ao ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, e o ministro tem tentado mudar a opinião de Padilha sobre o tema.
Padilha vem se manifestando repetidamente em público contra as ocupações promovidas ao longo do chamado “Abril Vermelho”. O ministro tem dito que há outros instrumentos para a reforma agrária que não invasões. O MST tem entendido as frases de Padilha como uma vacina para uma eventual candidatura ao governo de São Paulo em 2026, de maneira a diminuir a resistência do interior paulista a nomes do PT.
A Comissão Parlamentar de Inquérito teve seu requerimento lido por Arthur Lira em plenário nesta quarta-feira (26/4), e deve iniciar seus trabalhos nas próximas semanas. De maneira atípica, presidência e relatoria da CPI, os dois cargos mais importantes, devem ficar com nomes da oposição. A sensação no MST é que, a exemplo da Secretaria de Relações Institucionais, a liderança do governo na Câmara também não tem atuado para impedir isso. “Será um massacre do MST”, afirmou, pedindo anonimato, um dirigente sem-terra.
No Planalto, o discurso da Secretaria de Relações Institucionais é de que não haveria como defender o MST de uma CPI já que o movimento optou por invadir até terras da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). O movimento tem explicado que há uma forte demanda reprimida de reivindicações em virtude do governo Bolsonaro, quando o MST decidiu não partir para o confronto aberto com o governo por ter a percepção de que o ex-presidente queria uma mera desculpa para determinar ações violentas contra os sem-terra.