metropoles.com

Lula herda 13 militares nomeados para agências no governo Bolsonaro

Cargos estratégicos em agências reguladoras no governo Lula incluem supersalário de R$ 51 mil e mandato até próximo governo, em 2027

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
José Cruz/Agência Brasil
Lula e militares durante a posse
1 de 1 Lula e militares durante a posse - Foto: José Cruz/Agência Brasil

O governo Lula herdou pelo menos 13 militares da reserva nomeados durante o governo Jair Bolsonaro para cargos estratégicos em agências reguladoras. A lista inclui supersalários de até R$ 51 mil e mandatos que vão até 2027, depois da atual gestão.

Os 13 militares trabalharam nas três Forças Armadas e estão empregados em cinco agências reguladoras. Dos 13, cinco são diretores e têm mandatos fixos. Os outros oito foram nomeados por eles em postos de confiança e podem ser demitidos a qualquer tempo.

Essas agências atuam em áreas como combustíveis, saúde e cultura. O setor de combustíveis é especialmente sensível ao governo Lula, em um momento em que o Planalto avalia prorrogar a desoneração de impostos sobre a gasolina e o etanol.

As agências são: Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP); Agência Nacional de Aviação Civil (Anac); Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq); Agência Nacional do Cinema (Ancine); e Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Agência Nacional do Petróleo tem sete militares

A ANP lidera, com sete militares. Rodolfo Saboia é diretor-geral da ANP desde 2020 e foi vice-almirante da Marinha. Com salários de civil e militar somando R$ 48,1 mil, ficará no posto por pelo menos dois anos, até dezembro de 2024. O chefe de gabinete de Saboia é o ex-capitão de mar e guerra Alexandre Grossi, nomeado em 2019 e com salário de R$ 43,5 mil.

A Inteligência da agência é comandada por Mario Menezes, outro egresso da Marinha. Recebe R$ 41,7 mil por mês e foi nomeado em 2019. O ouvidor da ANP, também da Marinha, é Marcos Antonio Souza. Desde 2019, tem vencimentos de R$ 42,3 mil.

Nas superintendências da ANP, os militares da reserva indicados por Bolsonaro também marcam presença. O superintendente de Gestão Administrativa e Aquisições é José Antônio Rodrigues, ex-Marinha, que ganha R$ 41,2 mil e despacha no cargo desde 2019. O seu adjunto, também ex-Marinha, é Gustavo da Silva, que foi nomeado em 2021 e tem proventos de R$ 39,1 mil.

Por fim, o coordenador da Superintendência de Segurança Operacional e Meio Ambiente da ANP é o capitão do Exército da reserva Thiago da Silva Pires. Indicado pelo governo Bolsonaro, tem salário de R$ 22,3 mil como civil. O Portal da Transparência não divulga sua remuneração de militar.

A Anac vem em seguida, com dois militares em empregos estratégicos. É a agência que paga o maior salário da lista: R$ 51 mil para o diretor Luiz Ricardo de Souza, que foi major-brigadeiro da Aeronáutica e entrou para a agência em 2021. Souza tem mandato até 2026. O outro ex-fardado é Rogério Benevides, seu colega de diretoria, com vencimentos de R$ 42 mil e indicado em 2020. Fica no ofício até 2024.

Militar virou diretor nos últimos dias do governo Bolsonaro

Na Antaq, a nomeação do militar da reserva aconteceu no apagar das luzes do governo Bolsonaro. O diretor Wilson Pereira, egresso da Marinha, foi nomeado em 15 de dezembro do ano passado, nas últimas duas semanas de Bolsonaro e já durante o governo de transição. Pereira ganha R$ 40,7 mil por mês. Tem mandato até depois do mandato de Lula, em 2027.

Na área cultural, a Ancine também conta com o seu ex-capitão de mar e guerra da reserva: Eduardo Andrade, superintendente de Prestação de Contas, com salário de R$ 39,4 mil desde 2020. A Aneel, por seu turno, tem desde 2019 o coronel Ubiratã Pickrodt como superintendente de Licitações e Controle de Contratos e Convênios, com vencimentos de R$ 41,8 mil. Na Anvisa, o ex-contra-almirante da Marinha Antônio Barra Torres recebe R$ 47,1 mil e possui mandato de diretor-presidente até dezembro de 2024, quando termina este mandato de Lula.

Supersalários foram autorizados por Bolsonaro

Os supersalários desses militares, que ultrapassam o teto constitucional de R$ 39,3 mil, se devem a uma medida de Jair Bolsonaro em 2021. O governo permitiu que militares da reserva pudessem burlar o teto salarial e somar proventos de empregos de confiança no governo com os valores auferidos da caserna. O próprio Bolsonaro, que passou pelo Exército, foi beneficiado.

14 imagens
Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos
Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois
Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais
Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)
Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam
1 de 14

Jair Messias Bolsonaro, nascido em 1955, é um capitão reformado do Exército e político brasileiro. Natural de Glicério, em São Paulo, foi eleito 38º presidente do Brasil para o mandato de 2018 a 2022

Reprodução/Instagram
2 de 14

Descendente de italianos e alemães, Bolsonaro recebeu o primeiro nome em homenagem ao jogador Jair Rosa Pinto, do Palmeiras, e o segundo, Messias, atribuído por Olinda Bonturi, mãe do presidente, a Deus, após uma gravidez complicada. Na infância, era chamado de Palmito pelos amigos

Hugo Barreto/Metrópoles
3 de 14

Ingressou no Exército aos 17 anos, na Escola Preparatória de Cadetes. Em 1973, foi aprovado para integrar a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), formando-se quatro anos depois

Rafaela Felicciano/Metrópoles
4 de 14

Dentro do Exército, Bolsonaro também integrou a Brigada de Infantaria Paraquedista, serviu como aspirante a oficial no 21º e no 9º Grupo de Artilharia de Campanha (GAC), cursou a Escola de Educação Física do Exército, serviu no 8º Grupo de Artilharia de Campanha Paraquedista e, em 1987, cursou a Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais

Getty Images
5 de 14

Em 1986, Jair foi preso por 15 dias, enquanto servia como capitão, por ter escrito um artigo para a revista Veja criticando o salário pago aos cadetes da Aman. Contudo, dois anos após o feito, foi absolvido das acusações pelo Superior Tribunal Militar (STM)

Rafaela Felicciano/Metrópoles
6 de 14

Em 1987, novamente respondeu perante o STM por passar informação falsa à Veja. Na ocasião, o até então ministro do Exército recebeu da revista um material enviado pelo atual presidente sobre uma operação denominada Beco Sem Saída, que teria como objetivo explodir bombas em áreas do Exército como protesto ao salário que os militares recebiam

Rafaela Felicciano/Metrópoles
7 de 14

A primeira investigação realizada pelo Conselho de Justificação Militar (CJM) concluiu que Bolsonaro e outros capitães mentiram e determinou que eles deveriam ser punidos. O caso foi levado ao Superior Tribunal Militar, que, por outra vez, absolveu os envolvidos. De acordo com uma reportagem da Folha à época, foi constatado pela Polícia Federal que, de fato, a caligrafia da carta enviada à Veja pertencia a Jair

JP Rodrigues/Metrópoles
8 de 14

Em 1988, Bolsonaro foi para a reserva do Exército, ainda com o cargo de capitão, e, no mesmo ano, iniciou a carreira política. Em 1988, foi eleito vereador da cidade do Rio de Janeiro e, em 1991, eleito deputado federal. Permaneceu como parlamentar até 2018, quando foi eleito presidente da República

Daniel Ferreira/Metrópoles
9 de 14

Durante a carreira, Bolsonaro se filiou a 10 legendas: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Reformador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido da Frente Liberal (PFL), Partido Progressistas (PP), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Democratas (DEM), Partido Social Cristão (PSC), Partido Social Liberal (PSL) e, atualmente, Partido Liberal (PL)

Rafaela Felicciano/Metrópoles
10 de 14

É casado com Michelle Bolsonaro, 40 anos, e pai de Laura Bolsonaro, 11, Renan Bolsonaro, 24, Eduardo Bolsonaro, 38, Carlos Bolsonaro, 39, e Flávio Bolsonaro, 41, sendo os três últimos também políticos

Instagram/Reprodução
11 de 14

Em 2018, enquanto fazia campanha eleitoral, Jair foi vítima de uma facada na barriga. Até hoje o atual presidente precisa se submeter a cirurgias por causa do incidente

Igo Estrela/Metrópoles
12 de 14

Eleito com 57.797.847 votos no segundo turno, Bolsonaro coleciona polêmicas em seu governo. Além do entra e sai de ministros, a gestão de Jair é acusada de ter corrupção, favorecimentos, rachadinhas, interferências na polícia, ataques à imprensa e a outros poderes, discurso de ódio, disseminação de notícias faltas, entre outros

Alan Santos/PR
13 de 14

Programas sociais, como o Vale-gás, Alimenta Brasil, Auxílio Brasil e o auxílio emergencial durante a pandemia da Covid-19, foram lançados para tentar ajudar a elevar a popularidade do atual presidente

Rafaela Felicciano/Metrópoles
14 de 14

De olho na reeleição em 2022, Bolsonaro se filiou ao Partido Liberal (PL). O vice de sua chapa nas eleições deste ano é o general Walter Braga Netto

Igo Estrela/Metrópoles

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?