Lula deu maior honraria científica a ex-secretário de Pesquisa de Bolsonaro
Marcelo Marcos Morales também é assessor do senador bolsonarista Marcos Pontes e integrou comitiva para Israel pelo spray nasal contra Covid
atualizado
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Lula deu, no início de julho, a Medalha de Honra ao Mérito Científico para o ex-secretário de Pesquisa e Formação Científica do governo de Jair Bolsonaro, Marcelo Marcos Morales. O médico integrou a comitiva para Israel em busca do spray nasal contra Covid-19, em 2021, e é, atualmente, assessor do gabinete do senador Marcos Pontes, o Astronauta, do PL de São Paulo, e ex-ministro de Bolsonaro.
Morales chegou até a participar de uma live ao lado de Bolsonaro, em março de daquele ano, na qual defendeu o medicamento que, na época, não tinha eficácia comprovada.
A Medalha de Honra ao Mérito Científico é a mais alta honraria concedida pelo poder público a personalidades nacionais e internacionais que contribuíram para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
(Atualização às 12h05 de 31 de julho de 2023: Morales enviou nota à coluna em que ressaltou que, na live com Bolsonaro, ele reiterou que a pesquisa do spray estava em fase inicial e que “era necessário seguir critérios técnicos e científicos rigorosos em testes de clínicos com pacientes, antes de cogitar sua aplicação”. “Além disso, destaquei que o Brasil possui especialistas capacitados que poderiam colaborar com os esforços de pesquisa. Em nenhum momento defendi o uso irregular ou não comprovado cientificamente do spray nasal”, afirmou. O cientista também disse ter destacado aos pesquisadores israelenses as etapas necessárias para o uso do medicamento. “Durante as conversas com os cientistas israelenses, em Israel, ficou claro que suas pesquisas ainda estavam em fase inicial, com testes pré-clínicos promissores em animais, porém sem início dos testes clínicos em pacientes. Diante dessa constatação, enfatizei a importância de aguardarmos os resultados dos testes em seres humanos para avaliar a segurança e eficácia do spray nasal. Deixei claro aos pesquisadores que, caso os resultados dos testes clínicos fossem positivos, seria necessário submeter os dados à nossa agência regulatória, a ANVISA, para uma análise criteriosa antes de considerar qualquer decisão futura. A cautela e o rigor científico são fundamentais quando se trata de novos tratamentos e terapias, e minha postura foi sempre pautada na busca por evidências sólidas”, dizia a nota.)