Livro “Aspirantes a fascistas” lista Bolsonaro, Trump e Maduro
Livro “Aspirantes a fascistas — um guia para entender a maior ameaça à democracia”, do historiador Federico Finchelstein, cita Bolsonaro
atualizado
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Jair Bolsonaro é citado, em média, uma vez a cada três páginas de “Aspirantes a fascistas — um guia para entender a maior ameaça à democracia”, novo livro do historiador argentino Federico Finchelstein, que a Vestígio acaba de lançar no Brasil. Finchelstein, porém, afirma no livro que o ex-presidente é “mais fraco e incompetente” do que os fascistas clássicos.
O fio condutor da obra, lançada na última semana no Brasil, é Donald Trump, ex-presidente americano de quem Bolsonaro é aliado e que tentará retornar à Casa Branca na eleição da próxima terça-feira (5/11).
Autor de “Uma breve história das mentiras fascistas”, o professor de história da New School for Social Research, em Nova York, fez diversos paralelos entre o americano e o brasileiro, a ponto de chamar Bolsonaro de “mini-Trump”. Um deles foi a tentativa frustrada de golpe nos Estados Unidos, com a invasão do Congresso em 6 de janeiro de 2021, e no Brasil, com a invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023.
A alcunha “mini-Trump” também foi dada a Nayib Bukele (presidente de El Salvador), Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia) e Viktor Orbán (primeiro-ministro da Hungria). O historiador, a propósito, também descreve o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, como um ditador.
Para Federico Finchelstein, esses líderes autoritários contemporâneos são “mais fracos e mais incompetentes do que os fascistas clássicos”, sem o “compromisso ideológico e extremismo” do nazista Adolf Hitler.
“Eles conseguiram turvar, mas não apagaram totalmente a separação entre os poderes. Não conseguiram unificar o Estado e a sociedade civil. Não conseguiram destruir por completo o sistema jurídico. Em termos de violência e militarização, não se igualaram ao extremismo do fascismo clássico”, afirmou o professor.
Medidas do governo Bolsonaro e declarações do ex-presidente foram usadas pelo historiador para apontar características de “aspirante a fascista”. Sua gestão foi definida por “racismo, misoginia, posições extremas relacionadas à política de ‘lei e ordem’ e uma gestão péssima e criminosa da pandemia de covid-19”. Entrevistas em que Bolsonaro xingou repórteres e declarações acusando fraudes nas urnas sem qualquer prova também serviram de exemplo no livro.
Após apresentar dados de cerca de três décadas de pesquisa, Finchelstein fez um alerta: “Como Bolsonaro e Trump não foram imediatamente responsabilizados por sua contínua instigação de crimes contra a democracia, outras ações semelhantes acontecerão novamente”.