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Líder da bancada evangélica: Bolsonaro não vai cortar ataques ao STF

“O presidente é o que é. Se deixar, ele fala o que pensa”, disse o deputado Cezinha de Madureira em entrevista à coluna

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Jair Bolsonaro
1 de 1 Jair Bolsonaro - Foto: Reprodução

O presidente da bancada evangélica, deputado Cezinha de Madureira, afirmou que Jair Bolsonaro não recuará de seus ataques ao STF, mesmo com a posse iminente de André Mendonça, seu ministro “terrivelmente evangélico”, no tribunal. Em entrevista à coluna, Cezinha contou também ter ouvido de Humberto Martins, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que ele se considerava o “banco de reservas” de Jair Bolsonaro para o Supremo.

“O presidente é o que é. Se deixar, ele fala o que pensa”, desconversou o deputado que leva no sobrenome sua igreja, a Assembleia de Deus Madureira.

Com o auxílio dos evangélicos sob sua batuta no Congresso, Cezinha lembra a provação que passou nos mais de quatro meses de espera para que o Senado ungisse Mendonça ao STF.

“Passávamos uma agonia juntos”, afirmou, acrescentando como ele e Mendonça se comunicavam nesse período:

“Nossa conversa era: ‘Vamos vencer. Deus preparou este momento, nós não somos covardes. O bem venceu”.

Leia os principais trechos da entrevista:

Como foi articular por mais de quatro meses para que o Senado aprovasse André Mendonça?

Foi sofrido para mim e para ele. Nós lamentávamos muito, chorávamos juntos porque… É força de expressão o “chorar”. Passávamos uma agonia juntos, estávamos sofrendo com isso. Nós indicávamos quem ele deveria procurar: “André, precisa encontrar o senador fulano para reafirmar esse ponto”. Uma semana antes da sabatina, reuni dois deputados de cada estado, para que eles cobrassem os senadores de sua região.

O que Mendonça lhe dizia nesse período? 

Nossa conversa era: “Vamos vencer. Deus preparou este momento, nós não somos covardes, não desistiremos e vamos até o fim, aconteça o que acontecer. E o que acontecer vai ser a vontade de Deus”. E o bem venceu. Havia várias outras pessoas trabalhando para outros candidatos.

Um concorrente era o PGR Augusto Aras, certo?

Certo. O ministro Humberto Martins também. Martins super entendeu que naquele momento o indicado pelo presidente era o André. E chegou um momento em que ele se aquietou. Eu fui muito sincero com o Martins, ele é meu amigo. Ele reagiu corretamente. Falou: “Meu filho, olha, eu sou o banco reserva aqui do presidente”.

Essa conversa aconteceu quando Davi Alcolumbre ameaçava não pautar a sabatina de Mendonça?

Sim. Eu já tinha conversado antes com o ministro Humberto Martins, até sobre outras pautas. Eu sou vice-líder do governo na Câmara e chega muita pauta para sobre o Judiciário. Você acaba tendo de despachar com o ministro. E ele é próximo da bancada evangélica. Apareceram vários outros candidatos, plano B, plano C, mas só havia plano A. Eu cheguei a perguntar individualmente para Bolsonaro: “Presidente, é o André mesmo?”. “Cezinha, é ele”, respondeu.

Mendonça vai participar de mais cultos nos próximos dias? 

Sim. Foi uma decisão dele de usar uma parte do tempo, aproveitando também o recesso judiciário, para visitar as pessoas que fizeram campanha por ele, apoiaram o nome dele.

Com Mendonça no STF, Bolsonaro vai recuar dos ataques ao Supremo?

Acredito que não. O presidente tem um jeito próprio, é o que é. Se deixar, ele fala o que ele pensa. Bolsonaro está na política há 30 anos, conhece o sistema. Quando ele bate, ele sabe o que está fazendo e para quem está falando. Ele não rasga nota de R$ 100.

Como será a postura do ministro André Mendonça?

O André é muito agregador, gosta de ouvir, buscar soluções. Ele se inserirá rapidamente em algum grupo no STF como conciliador. Vai trazer uma calma ao STF. O André traz leveza, harmonia.

A bancada evangélica guarda mágoas do Senado depois da demora recorde em aprovar a indicação do “terrivelmente evangélico”?

Vou rasgar seda para o Rodrigo Pacheco. Ele foi cauteloso conosco e com o Davi Alcolumbre. Ele disse: “Dei minha palavra ao Davi, vou dar tempo a ele. Em último caso vou usar o regimento”. O Pacheco respeitou a força da bancada evangélica. Foi um lorde conosco.

Mas os senhores fizeram pressão sobre Pacheco, certo? Inclusive com líderes evangélicos de Minas Gerais, reduto eleitoral dele. 

Sim. Levei vários líderes evangélicos lá.

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