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Líder da Ação da Cidadania: “Brasil se acostumou com a fome”

“Estamos vivendo o pior dado da história da fome no Brasil”, diz líder da ONG Ação da Cidadania, Kiko Afonso

atualizado

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Aline Massuca/Metrópoles
Homem come restos de comida, diretamente do lixo
1 de 1 Homem come restos de comida, diretamente do lixo - Foto: Aline Massuca/Metrópoles

Kiko Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania, afirmou que o Brasil está em seu pior momento da história no combate à fome, e que os brasileiros se acostumaram à escalada da insegurança alimentar. Na semana passada, uma extensa pesquisa apoiada pela entidade revelou que 33 milhões de pessoas passam fome no país.

“A gente já esperava algo trágico, mas não catastrófico. Estamos vivendo o pior dado da história da fome no Brasil. A gente se acostumou com a fome, acha que isso é algo natural. A fome não é natural, é uma decisão política, é uma decisão da sociedade”, afirmou Afonso, acrescentando:

“Se a gente não fizer nada, as pessoas vão morrer hoje. Não é questão de uma ou duas semanas. É hoje”.

As declarações foram dadas na terça-feira (14/6) em um evento no Google. A empresa incluiu no buscador e no Google Maps um botão para identificar mil entidades que atuam no combate à fome, como cozinhas solidárias.

O líder da Ação da Cidadania, fundada em 1993 pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, analisou a trajetória de alta massiva da fome no país e projetou cenário pessimista até o fim do ano.

“Em 2014, eram 4 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar grave. Tínhamos um país referência no combate à fome. Em 2018, eram 9 milhões de brasileiros. Em 2020, 19 milhões. E agora são 33 milhões de pessoas. A curva ainda é de crescimento. Hoje há mais pessoas com fome do que esses 33 milhões, porque na eleição o governo não pode fazer novos programas de transferência de renda. Deveria ter feito antes, mas não fez.”

Afonso lembrou também que nos anos 1990 a ONG mobilizou 30 milhões de voluntários para alimentar brasileiros famintos. Na época, a fome era uma realidade para 32 milhões, número menor do que o atual. “Onde está a indignação dessas pessoas hoje?”, assinalou.

Duas décadas atrás, o slogan de uma campanha apoiada pela entidade dizia, enquanto um prato de alumínio caía vazio: “Prato do dia de 32 milhões de brasileiros: fome. Não dá para esquecer”.

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