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Juíza acusa colega de rachadinha e tenta acordo em casa de vinhos

“Adoro torradas e limonada suíça de lá”, diz juíza, sobre casa de vinhos; magistrada fez acusação de rachadinha ao TJRJ

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Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil
Estátua da Justiça STF
1 de 1 Estátua da Justiça STF - Foto: Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Uma juíza do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro (TRT-1) acusou um colega da prática de rachadinha, mas dois dias depois o convidou para um encontro em uma casa de vinhos e frios, tentando um acordo judicial. As informações constam de um processo por danos morais no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), movido pelo juiz Luiz Nelcy contra a juíza Adriana Maria dos Remédios.

Em 14 de novembro do ano passado, Adriana Maria dos Remédios afirmou ao TJRJ, sem provas, que testemunhou “incontáveis vezes” a prática de rachadinha, crime de peculato, no gabinete do juiz Luiz Nelcy. Remédios apontou favorecimento do colega “que evidentemente se aproveita, pelo desenho, de seu cargo de magistrado em benefício próprio e dos seus”. Segundo a acusação da magistrada, que não foi comprovada, uma perita judicial nomeada pelo colega dividia seu salário com a mulher do juiz.

Na madrugada do dia 16 de novembro, Remédios mudou o tom: enviou mensagens de WhatsApp para o juiz, convidando-o para uma casa de vinhos e frios em Resende (RJ). “Luiz, boa noite. Preciso falar com vc. Sexta, no Rondo, 16h? Te espero lá. E mesmo que vc diga que não vai vc sabe que sou teimosa e, exatamente porque teimosa, estarei em uma das mesas te esperando”.

Horas depois, a magistrada disse ter acordado feliz porque o juiz havia recebido as mensagens. “Acordei também com 4 dedos de raiz sem retoque, daí porque, mesmo feliz, não pedi (também) para antecipar o encontro no Rondo Frios”, afirmou, em referência aos cabelos por pintar. Em seguida, enviou um documento com uma proposta de acordo judicial de R$ 1 mil, para encerrar o imbróglio. A minuta do acordo cita que os magistrados são “amigos” que “conversarão mais quando estiverem mais em dúvida um sobre assuntos que tocarem ao outro”.

Em resposta, o juiz negou reatar a amizade, pediu que a colega entrasse em contato com seu advogado, e bloqueou a colega no WhatsApp. A conversa foi anexada pelo juiz ao processo em 10 de janeiro deste ano.

Procurada, a juíza Adriana Maria dos Remédios negou ter convidado o colega para uma casa de vinhos. “Rondo é um excelente local, discreto e tem uma infinidade de produtos. Adoro as torradas de lá e a limonada suíça”, disse. Questionada sobre a acusação de rachadinha contra o juiz, Remédios afirmou que é “extremamente desagradável” abordar o tema porque o colega pode até perder o cargo, ao mesmo tempo que o elogia dizendo que “é um excelente juiz, magnífico colega e goza do meu mais profundo respeito”.

Procurado, o juiz Luiz Nelcy não comentou.

A juíza Adriana Maria dos Remédios foi afastada em 2019 de suas funções na Comarca de Barra Mansa (RJ) por supostamente prejudicar a mulher do juiz Luiz Nelcy, titular da Segunda Vara do Trabalho de Resende (RJ). Em 2020, o juiz moveu o processo de danos morais contra a colega, que havia feito acusações contra ele, inclusive de participar de festas “nababescas”.

Em 2021, como mostrou a coluna, a magistrada recebeu uma pena de censura do TRT por dispensar uma perita judicial pelo WhatsApp com termos chulos. Em sua defesa no processo disciplinar, Adriana Maria dos Remédios apresentou memes com xingamentos enviados por colegas de toga.

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