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Jovem evangélico diz ter sido expulso de igreja por votar em Lula

Membro do ministério de crianças da igreja Presbiteriana, o jovem foi acusado de ser infiltrado na igreja para espalhar o “marxismo cultural

atualizado

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Arquivo pessoal
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1 de 1 jovem-evangelico-lula - Foto: Arquivo pessoal

O estudante de Ciências Políticas Brenno Souza afirmou ter sido expulso de sua igreja, a Presbiteriana Oceânica, em Niterói (RJ), por ter postado em suas redes sociais uma foto com adesivos de Lula. Integrante do ministério de crianças da congregação, Souza disse que foi acusado pelo pastor da igreja evangélica de ser um “infiltrado para ensinar o marxismo cultural” às crianças.

A publicação da foto com adesivos de Lula foi em 2 de outubro. Na semana seguinte à votação, segundo Souza, ele foi chamado a um “gabinete” do presidente da igreja, o pastor Paulo Henrique Callado. Os gabinetes são sessões de aconselhamento entre fiéis e líderes evangélicos.

“Eu achava que seria um gabinete para falar sobre o ministério que eu comandava, o das crianças, mas eu comecei a ser questionado sobre por que eu havia votado no Lula. Eles me acusaram de estar ouvindo demais meus professores da faculdade e de ser um infiltrado para ensinar marxismo cultural para as crianças. No final da reunião, eu fui convidado a procurar outra igreja”, disse Souza à coluna.

Na igreja havia sete anos, Souza contou que o pastor da Presbiteriana Oceânica antes tentou convencê-lo a mudar de posição política para a “direita”. Diante de sua recusa, o pastor disse que ele deveria sair do ministério das crianças e procurar uma igreja que “concordasse com suas ideologias”.

O estudante afirmou que Callado costumava, durante algumas pregações, associar Lula ao “anticristo”, e dizer aos fiéis que evangélicos não poderiam votar em Lula.

A coluna procurou o pastor Paulo Henrique Callado, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço está aberto para manifestações.

(Atualização às 11h15 de 20 de outubro de 2022: Em nota, o pastor Paulo Henrique Callado afirmou que a igreja não interfere no direito do voto “em hipótese alguma”, mas ressaltou que a igreja não pode disseminar “ideologias que advoguem princípios contrários à fé cristã”, sem detalhar que ideologias são essas. “Ideologias que advoguem princípios contrários à fé cristã não podem encontrar guarida nem serem disseminadas em uma comunidade que decide viver de acordo com os ensinamentos constantes da Palavra de Deus”. E acrescentou: “Em caso de conflitos sempre prevalecerá a liberdade de auto-organização da igreja. Causa perplexidade que se levante a hipótese de que alguém possa ter sido desvinculado de alguma atividade da igreja por conta do exercício do direito do voto, pois se trata de uma decisão individual, esfera em que não há, em hipótese alguma, interferência da igreja”. A coluna perguntou ao pastor por que, então, o estudante foi expulso, mas Callado não respondeu.)

(Atualização às 13h30 de 20 de outubro de 2022: O jurídico da Igreja Presbiteriana Oceanica entrou em contato com a coluna e negou que Brenno tenha sido expulso da igreja e alegou que o jovem é, ainda, “um membro ativo”, ou seja, tem apenas a carteira de membro. A coluna questionou, novamente, o porquê de Brenno ter saído da igreja e não teve resposta.)

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