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José Dirceu faz críticas ao governo, ao PT e prevê “tranco” da direita

Dirceu fez críticas à suposta falta de debate na legenda e apontou problemas do governo Lula

atualizado

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Coluna Guilherme Amado
O ex-ministro José Dirceu em encontro da corrente petista Avante PT, ao lado do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do ex-deputado José Genoíno
1 de 1 O ex-ministro José Dirceu em encontro da corrente petista Avante PT, ao lado do deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) e do ex-deputado José Genoíno - Foto: Coluna Guilherme Amado

Homem-forte do começo do primeiro mandato de Lula, o ex-ministro da Casa Civil e ex-presidente do PT, José Dirceu, está incomodado com a falta de mobilização e organização do partido.

Em um encontro da corrente Avante PT, uma das alas minoritárias e mais à esquerda da legenda de Lula, em São Paulo, na noite desta sexta-feira (24/11), Dirceu externou críticas ao que tem visto como pontos fracos da sigla — e também do governo Lula (veja parte do discurso em vídeo abaixo).

“Hoje o PT é o partido de maior apoio popular, de melhor imagem, mas o partido não é nem 10% do que devia ser. Nós temos um problema sério, no PT e na esquerda”, disse Dirceu. “Nosso governo tem problemas de governabilidade, organização, de avaliação de cada ministério”, avaliou.

O ex-ministro repreendeu a falta de mobilização do PT para bater mais firme na política de juros do Banco Central e na defesa de pautas ambientais. Ainda criticou o adiamento da eleição ao comando nacional do PT de 2023 para 2025, classificou as tradicionais manifestações de Primeiro de Maio como “um fracasso” e lembrou o bom desempenho da direita nas eleições dos conselhos tutelares.

“Não sei qual é o problema. Tem medo da militância? Do debate? Da discussão? Da mobilização da militância?”, perguntou. “Onde se discute isso? Ou não é para discutir e fazer de conta que está tudo bem? Ou não se pode discutir mais? Às vezes fico com a sensação de que você começa a discutir um pouco e fica inconveniente, indesejável”, completou.

Em sua avaliação, a desmobilização e a falta de debates, somadas ao ambiente em que Lula tem de se dobrar ao pragmatismo na relação com o presidente da Câmara, Arthur Lira, do PP de Alagoas, abrem oportunidades para a direita.

“Eu sou da opinião de que nós precisamos nos debruçar sobre o problema do partido. Não vamos tapar o sol com a peneira. Nós não aguentamos o tranco da direita como nós estamos. E a direita vai nos dar um tranco, nós conhecemos ela. Há esse ambiente agora, político, negociação com Arthur Lira, mas essa não é a realidade. Se nós formos derrotados em 2024, eles vão tomar mais um naco do governo”, declarou.

Em seu discurso, de pouco mais de 15 minutos, o ex-ministro pregou que o PT adote uma perspectiva de médio prazo, de doze anos. Para o quatro anos do mandato de Lula, avaliou, é difícil que o presidente consiga mudar a correlação de forças em Brasília.

“Temos que mudar a correlação de forças e mudar nosso partido. A não ser que a gente queira governar… que está bom como estamos governando. Sabemos que não está. Isso não quer dizer que nosso governo não produziu grandes avanços e foi uma vitória extraordinária derrotar o bolsonarismo”, disse, ressaltando: “Não estou pessimista, estou realista”.

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