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João de Deus e os políticos que ignoravam os crimes do suposto médium

Marconi Perillo afirma nunca ter sido informado sobre casos contra João de Deus

atualizado

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João de Deus 4
1 de 1 João de Deus 4 - Foto: Netflix/Reprodução

“Ninguém me avisou.” Foi assim que o ex-governador de Goiás Marconi Perillo respondeu à jornalista Cristina Fibe, autora do livro “João de Deus — O abuso da fé”, quando perguntado sobre por que esteve publicamente ao lado do dito médium mesmo quando ele já era acusado formalmente de estupro de vulnerável.

Em junho de 2016, três meses depois de uma vítima registrar boletim de ocorrência na delegacia da Polícia Civil de Abadiânia, contando em detalhes o ataque sexual de que foi alvo na Casa de Dom Inácio de Loyola, o governador subiu ao palco da festa de aniversário do amigo para saudá-lo diante da população. A festa reuniu cerca de 4 mil fiéis.

Em entrevista para o livro, a ser lançado pela Globo Livros em 14 de outubro, o tucano afirmou que “é um negócio muito enigmático, estranho, como é que ninguém nunca ficou sabendo”.

Mas a Polícia Civil, órgão estadual, não deveria avisar ao governador que ele subiria ao palco para celebrar uma figura pública acusada de estupro?

“Durante todo o tempo em que fui governador, nunca recebi uma informação mínima que fosse de que pudesse haver esse tipo de assédio em relação a mulheres. E olha que no governo de Goiás há um órgão de inteligência com pessoas muito gabaritadas, para manter a segurança no estado o tempo todo”, disse Perillo a Cristina Fibe.

O político ainda ironizou, lembrando que as relações políticas de João Teixeira iam muito além da esfera estadual: “João de Deus teve um relacionamento com vários ex-presidentes que têm os serviços de informação — a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Polícia Federal — muito mais avançados, muito mais experientes e com muito mais tecnologia. Ele também recebeu e se relacionou com vários ministros, ex-ministros das Cortes Superiores, pessoas do Legislativo. Não é o governo do estado apenas, ou o governador que não soube. Pelo que sei, ninguém, de toda essa plêiade de instituições, foi informado minimamente desse tipo de coisa”.

O caso de estupro de vulnerável que chegou à delegacia de Abadiânia em março de 2016, registrado por uma vítima de 34 anos, ficou engavetado até 2018, quando as denúncias contra João vieram a público no jornal O Globo, onde Fibe trabalhava, e no programa Conversa com Bial.

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metropoles.comGuilherme Amado

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