Itamaraty atuou para Edir Macedo ter entrada especial em Israel na pandemia
Pedido partiu de deputado da bancada evangélica
atualizado
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O Itamaraty atuou para que uma comitiva chefiada por Edir Macedo, líder da Igreja Universal, conseguisse entrada especial em Israel durante a pandemia. O pedido para que o Itamaraty atuasse, feito em agosto de 2020, partiu do deputado Márcio Marinho, do Republicanos da Bahia, integrante da bancada evangélica e ligado à Universal.
Em 10 de agosto do ano passado, a embaixada brasileira em Israel enviou um telegrama urgente ao Ministério das Relações Exteriores, à época chefiado por Ernesto Araújo. Respondia uma mensagem do ministério, que havia encaminhado uma solicitação de Marinho para a missão religiosa. A embaixada escreveu que não seria “factível” a chegada da comitiva a Israel em 11 de agosto, como havia solicitado o parlamentar.
Para a entrada de integrantes de organizações religiosas no país por meio de aeronaves particulares, explicou o documento diplomático, seriam necessárias autorizações de diversos órgãos, incluindo os ministérios dos Negócios Estrangeiros e da Saúde. Por isso, seguiu o telegrama, a análise desse processo poderia demorar mais de um mês.
A solicitação especial foi atendida após sugestão do Departamento de Comunidades Cristãs de Israel, que comunicou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.
“No texto da nota foi solicitada a concessão de permissão de entrada extraordinária a Israel, durante a pandemia de Covid-19, à delegação da Igreja Universal do Reino de Deus, chefiada pelo seu líder, senhor Edir Bezerra Macedo”, afirmou o documento.
A viagem acabou não ocorrendo, por decisão da Universal, mas o Itamaraty havia conseguido todas as autorizações necessárias.
O Ministério das Relações Exteriores alegou que pode prestar apoio a qualquer parlamentar ou autoridade em viagens internacionais oficiais, o que contrasta com o caso da comitiva da Igreja Universal.
Dois meses após a viagem especial a Israel, Marinho foi condecorado por Jair Bolsonaro no Itamaraty. Ele foi nomeado grande oficial da Ordem do Rio Branco, em reconhecimento a “serviço ou méritos excepcionais” na diplomacia.