Indigenista desaparecido sofria pressões políticas dentro da Funai
Em 2019, setores ruralistas ligados ao governo de Jair Bolsonaro influenciaram na exoneração de Bruno Pereira de cargo na Funai
atualizado
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O indigenista e servidor da Funai Bruno Pereira, desaparecido com o jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, na Amazônia, na madrugada desta segunda-feira (6/6), sofria pressões políticas dentro da Fundação.
Em 2019, setores ruralistas ligados ao governo de Jair Bolsonaro influenciaram na exoneração de Pereira do cargo de coordenador-geral de Índios Isolados e de Recém Contatados da Funai. O indigenista ocupava a posição, que é considerada uma das mais técnicas da Fundação, desde 2011.
Ao descobrir sobre sua exoneração, em outubro de 2019, Pereira disse que havia um interesse político em retirá-lo de seu cargo, que buscava proteger populações e áreas indígenas do avanço da mineração, garimpo e desmatamento ilegal.
Na mesma semana em que o indigenista foi exonerado, o governo Bolsonaro tentava passar no Congresso Nacional uma lei que liberaria atividades exploratórias em terras indígenas. O projeto está em tramitação na Câmara dos Deputados até hoje.
Pereira também denunciava o tamanho da influência dos ruralistas na Funai. Entre os criticados, estava o presidente da Fundação, Marcelo Xavier, que até agora não se manifestou sobre o desaparecimento do servidor.