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Heleno diz tomar “Lexotan na veia para não levar Bolsonaro a atitude drástica contra STF”; ouça

Supremo está “tentando esticar a corda até arrebentar”, afirmou Augusto Heleno, ministro do GSI; general reclamou de ministros do STF

atualizado

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Marcos Corrêa/PR
Augusto Heleno
1 de 1 Augusto Heleno - Foto: Marcos Corrêa/PR

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, fez duros ataques ao Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (14/12) e disse que precisa tomar remédios psiquiátricos “na veia” diariamente para não levar Jair Bolsonaro a tomar “uma atitude mais drástica” contra o tribunal. A declaração foi feita na formatura do Curso de Aperfeiçoamento e Inteligência, para agentes já em atividade na Agência Brasileira de Inteligência (Abin). O evento é um encontro fechado da agência. A coluna obteve uma gravação da fala de Heleno.

No discurso, Heleno afirmou que o Supremo está “tentando esticar a corda até arrebentar” sua relação com o Poder Executivo, e que rezará para que Jair Bolsonaro não sofra um atentado no ano que vem.

“Temos um dos Poderes que resolveu assumir uma hegemonia que não lhe pertence, não é, não pode fazer isso, está tentando esticar a corda até arrebentar. Nós estamos assistindo a isso diariamente, principalmente da parte de dois ou três ministros do STF”, disse Heleno, sem citar nomes. E emendou:

“Eu, particularmente, que sou o responsável, entre aspas, por manter o presidente informado, eu tenho que tomar dois Lexotan na veia por dia para não levar o presidente a tomar uma atitude mais drástica em relação às atitudes que são tomadas por esse STF que está aí”.

Ouça as declarações do general sobre o STF.

Heleno comanda o GSI e é um dos auxiliares mais próximos de Jair Bolsonaro. Na sua avaliação, o Judiciário “resolveu assumir hegemonia que não lhe pertence”.

O governo Bolsonaro vive em conflito com o STF por avaliar que o tribunal se intromete em questões que não são de sua alçada. O presidente cita como exemplos dessas questões a decisão da corte que permitiu a prefeitos e governadores adotarem medidas contra a Covid-19 e a proibição, em 2020, de o diretor da Abin, Alexandre Ramagem, assumir o comando da Polícia Federal.

A relação chegou ao limite quando Bolsonaro convocou manifestações golpistas para o feriado de 7 de setembro deste ano usando como estopim a prisão do presidente do PTB, o deputado cassado Roberto Jefferson, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes. Os protestos pediam expressamente o fechamento do STF, entre outras pautas. Bolsonaro discursos repetidas vezes xingando ministros do tribunal e fazendo ameaças. Depois da reação aos eventos, Bolsonaro publicou uma carta, escrita com Michel Temer, em que acenava com o respeito ao STF.

Procurado pela coluna para comentar suas declarações, Augusto Heleno respondeu:

“O GSI deixa de se manifestar por tratar-se de demanda que aborda o assunto fora de contexto”.

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