Heleno comandou monitoramento de Moraes para prendê-lo, diz PF
Polícia Federal apontou à PGR e ao STF que Heleno, ex-chefe do GSI, integrou “núcleo de inteligência paralela”
atualizado
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A Polícia Federal apontou à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal que o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do governo Bolsonaro, Augusto Heleno, o coronel Marcelo Costa Câmara e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid monitoraram o ministro Alexandre de Moraes com o intuito de prendê-lo após a assinatura de um decreto de golpe de Estado.
Heleno, Câmara e Cid, segundo a PF, integraram um “núcleo de inteligência paralela”, que teria ficado responsável pela coleta de dados e informações que auxiliassem o ex-presidente na consumação do golpe.
“Os membros teriam monitorado o itinerário, o deslocamento e a localização do Ministro do Supremo Tribunal Federal e então chefe do Poder Judiciário Eleitoral, Alexandre de Moraes, e de possíveis outras autoridades da República, com o objetivo de captura e detenção, nas primeiras horas que se seguissem à assinatura do decreto de golpe de Estado”, escreveu a Moraes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, ao referendar as medidas que levaram à Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta (8/2).
Em uma reunião de 5 de julho de 2022, gravada e apreendida pela PF com Mauro Cid, que fechou delação premiada, Heleno também sugeriu infiltrar agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nas campanhas eleitorais.
O então chefe do GSI teria sido interrompido durante sua fala por Bolsonaro, que teria sugerido a ele que conversassem “em particular” sobre a atuação da Abin.
Na mesma reunião, segundo a PF, Augusto Heleno disse que órgãos do governo deveriam atuar para assegurar a vitória eleitoral de Bolsonaro na eleição de outubro.
“Não vai ter revisão do VAR. Então, o que tiver que ser feito tem que ser feito antes das eleições. Se tiver que dar soco na mesa é antes das eleições. Se tiver que virar a mesa é antes das eleições”, declarou Heleno, segundo a PF.
“Eu acho que as coisas têm que ser feitas antes das eleições. E vai chegar a um ponto que nós não vamos poder mais falar. Nós vamos ter que agir. Agir contra determinadas instituições e contra determinadas pessoas. Isso pra mim é muito claro”, continuou o então ministro, conforme relato da PF.