A proposta defendida pelo governo para reduzir incentivos fiscais para o audiovisual pode acabar com mecanismos usados por oito em cada 10 projetos do setor.

De acordo com dados da Ancine, dos 1.697 projetos aprovados no período de 2010 a 2020 e que captaram recursos, 1.474 (87%) arrecadaram os valores por meio de ao menos um dos mecanismos potencialmente atingidos pelo projeto.

A Ancine também calcula que os mecanismos abarcados pelo projeto responderam por 78% dos recursos captados entre 2016 e 2020. Isso significa que quase 80% dos valores captados e usados para financiar obras audiovisuais nos últimos anos vieram de mecanismos que passariam a não existir com a eventual aprovação do texto.

Os dados foram exibidos pela Ancine durante reunião na semana passada do Conselho Superior de Cinema e devem ser divulgados nos próximos dias. A agência pediu na reunião mais tempo para que a proposta seja analisada, uma vez que o impacto seria grande.

A agência mostrou ainda a importância de mecanismos de incentivo para as salas de cinema, uma vez que boa parte dos filmes brasileiros lançados anualmente usa a captação indireta para conseguir recursos.

O projeto, enviado para o Congresso em setembro, é visto com maus olhos pelo setor audiovisual por acabar, entre outras coisas, com a renovação de benefícios como a redução do imposto de renda de quantias aplicadas em fundos de financiamento da indústria nacional.

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