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Governo do RJ tem contratos com empresas da máfia das quentinhas

O governo do Rio de Janeiro tem contratos milionários, alguns com dispensa de licitação, com empresas denunciadas pela Lava Jato

atualizado

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Governo RJ
Claudio Castro
1 de 1 Claudio Castro - Foto: Governo RJ

Cinco empresas que foram investigadas pelo Ministério Público Federal e Estadual, na Operação Lava Jato e em seus desdobramentos, continuam sendo contratadas pelo governo do Rio de Janeiro: Singular Gestão e Serviços, JB Alimentação e Serviços, Agile Corp e Comercial Milano.

O grupo de empresários foi acusado, em 2017, de fazer parte de um esquema de pagamento de propina para serem escolhidos em licitações.

Entre os empresários que foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) por formarem o cartel de fornecimento de alimentação estão Marco Antônio de Luca, dono da Comercial Milano, José Mantuano de Luca Filho, da Agile Corp, e Carlson Ruy Ferreira, da Singular Gestão e Serviços e JB Alimentação e Serviços. Todos os três continuam vencendo licitações ou sendo contratados com dispensa.

Em um requerimento à Justiça do Rio de Janeiro, em 2018, o MPF apontou que as empresas atuavam “em comunhão para garantir e dividir entre si o nicho de contratos firmados com o estado do Rio de Janeiro para a prestação de serviços”. O órgão afirmou também que o grupo fazia parte de uma “organização criminosa” responsável pelo pagamento de “vantagens indevidas”.

Carlson Ruy Ferreira, dono da Singular Gestão e Serviços e JB Alimentação e Serviços, foi sócio do ex-secretário nacional de Justiça de Michel Temer, Astério Pereira, na JB Alimentações e na Denjud Refeições Coletivas, que mudou de nome após ser investigada pela Lava Jato e agora se chama Singular Gestão e Serviços. Os dois foram presos pela Lava Jato em 2020 e Ferreira admitiu ter pago quase R$ 3 milhões de propina a membros do TCE por contratos na Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) durante o governo de Sérgio Cabral. Astério foi secretário da pasta entre 2003 e 2006, no governo de Rosinha Garotinho.

Após a prisão de seus sócios, a JB Alimentações firmou dois contratos com a Fundação de Saúde do Estado do Rio de Janeiro: um em 2020 e outro em 2022, de R$ 2,6 milhões e R$ 600 mil, respectivamente. O primeiro aconteceu dois dias antes do ex-governador Wilson Witzel ser afastado do cargo e Cláudio Castro assumir interinamente, em 26 de agosto de 2020. Já o segundo foi firmado em janeiro de 2022, quando Castro já era governador. Os dois contratos tiveram dispensa de licitação.

A Singular Gestão e Serviços nunca deixou de prestar serviços para o governo do Rio de Janeiro. A empresa é responsável pelo abastecimento alimentar de escolas do estado. O último contrato com a Secretaria Estadual de Educação foi firmado em agosto de 2021 e teve um valor de R$ 31 milhões.

Em 2018, o MPF apontou que a Singular Gestão e Serviços, que na época atendia pelo nome de Denjud Refeições Coletivas, recebia dinheiro de Marco Antônio de Luca, empresário denunciado e preso por pagar mais de R$ 16 milhões em propina para Cabral e integrantes do TCE por contratos no governo.

A Agile Corp, que foi denunciada pela Lava Jato como Masan, seu nome antigo, pertence aos primos de Marco Antônio de Luca, José Mantuano de Luca e Antonio Mantuano de Luca. A empresa tem contratos milionários com a Secretaria de Educação do governo do Rio de Janeiro e recebeu, ao longo dos últimos dois anos, cinco aditivos de contrato, que juntos somaram R$ 757 mil.

A Comercial Milano, também de Marco Antônio de Luca, voltou a ser contratada pelo governo em novembro de 2021, seis meses após Cláudio Castro assumir o Palácio Guanabara. A empresa fechou diversos contratos com valores milionários com a Secretaria de Administração Penitenciária, um deles ainda está ativo.

O que dizem os citados

O governo do Rio de Janeiro disse que “as empresas foram contratadas legalmente, por meio de licitação” e que a “idoneidade” das empresas foi atestada. O governo não comentou sobre os contratos sem licitação e com aditivos.

A Agile Corp e a Comercial Milano, de Marco Antônio de Luca, alegaram que os contratos entre a empresa e o governo são “pautados em procedimentos licitatórios regulares, os quais a empresa venceu por ofertar a melhor proposta”.

A Singular Gestão e Serviços e JB Alimentação e Serviços não retornaram aos contatos da coluna. O espaço está aberto para manifestações.

(Atualização às 19h do dia 7 de maio de 2023: Em nota à coluna, a Secretaria de Administração Penitenciária informou que um contrato com a Comercial Milano, que teria validade de fevereiro a agosto deste ano, foi rescindido. A informação não consta na página de contratos e fornecedores do governo do estado, mas saiu no Diário Oficial do Rio de Janeiro. A Seap ainda tem um contrato com a Comercial Milano, que não envolve fornecimento de quentinhas.)

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metropoles.comGuilherme Amado

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