Governo Bolsonaro descumpre há seis meses promessa de regulamentar lobby
Enquanto isso, a CPI da Pandemia tem apontado lobistas com atuações suspeitas no Ministério da Saúde
atualizado
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O governo Bolsonaro descumpre há seis meses uma promessa de apresentar um projeto de lei para regulamentar o lobby no país. Enquanto isso, a CPI da Pandemia tem apontado lobistas com atuações suspeitas no Ministério da Saúde.
Em dezembro de 2020, Bolsonaro convocou ministros para anunciar com pompa no Planalto o Plano Anticorrupção, com ações até 2025. Uma das promessas, a cargo da Controladoria-Geral da União (CGU), era propor ao Congresso uma regulamentação de lobby até março de 2021. Isso não aconteceu até agora.
O documento de 56 páginas defendia separar o relacionamento de agentes privados com o governo de “atividades obscuras e corruptas”. Na cerimônia no Planalto, o ministro da CGU, Wagner Rosário, e o PGR, Augusto Aras, endossaram a regulamentação do lobby. Bolsonaro preferiu não discursar.
Procurada, a CGU afirmou que prorrogou o prazo para o segundo semestre deste ano. A pasta atribuiu o atraso à “necessidade de alinhamento” com outros ministérios.
O Plano Anticorrupção foi elogioso ao próprio governo: a cartilha dizia que os governantes davam o “exemplo” e, por isso, não havia “notícias recentes de casos de corrupção na cúpula do Executivo”. No mesmo dia da cerimônia, Bolsonaro demitiu Marcelo Álvaro do Ministério do Turismo, denunciado pelo MP de Minas Gerais pelo supostos esquema de laranjas do PSL.
À época, Bolsonaro já era investigado por suposta interferência na PF. Atualmente, é alvo de mais quatro inquéritos.
Hoje, a CPI da Pandemia tem elementos que desmentem a versão oficial, apontando que em 2020 o Ministério da Saúde manteve relações suspeitas com lobistas, defendeu tratamento ineficaz e ignorou ofertas confiáveis de vacinas para a Covid.
Um dos alvos dos senadores é Marconny Faria, suspeito de ser lobista da Precisa Medicamentos e facilitar a criação da empresa de Jair Renan Bolsonaro, filho do presidente. O relatório da comissão será apresentado ainda neste mês, com altíssimas chances de apontar crimes de Bolsonaro.