Governo acumula 166 processos de demarcação de terras indígenas
Alguns dos processos de demarcação de terras indígenas tramitam há 40 anos e seguem sem decisão; lentidão deve se agravar com marco temporal
atualizado
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O governo federal acumula pelo menos 166 processos de demarcação de terras indígenas, alguns há 40 anos. Essa lentidão deve se agravar depois que o Senado contrariou o STF e aprovou um projeto que fixa o marco temporal, tese dos ruralistas para dificultar a demarcação de terras indígenas.
Na Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), tramitam pelo menos 146 processos. É no órgão que acontecem os estudos antropológicos e fundiários.
Depois da análise da Funai, o processo segue para o Ministério da Justiça. Até o início deste ano, a fase final acontecia no Ministério dos Povos Indígenas, mas o Congresso esvaziou a pasta recém-criada em mais uma derrota do governo Lula.
O Ministério da Justiça contabiliza 20 processos. Há casos de todas as últimas quatro décadas, desde que a ditadura militar foi enterrada com a atual Constituição. Foi nos anos 1980 que o governo foi demandado para demarcar a terra indígena do povo Xukuru-Kariri, em Palmeira dos Índios (AL). Mesma situação da terra Toldo Imbu, do povo Kaingang, em Toldo Imbu (SC). Os documentos foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação.
No último dia 27, o Senado aprovou um projeto da Câmara que reconhece a tese do marco temporal. Isso quer dizer que só podem ser demarcadas terras indígenas que eram ocupadas por essas populações quando a Constituição foi promulgada, em 1988. O texto depende agora da sanção de Lula. O movimento foi uma reação ao julgamento do Supremo que, seis dias antes, considerou que essa tese é inconstitucional.