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Golpista preso no 8/1 afirmou que líderes de acampamento planejavam ataques a bomba

Um dos golpistas presos pela polícia declarou em depoimento à polícia que líderes do acampamento no QG do Exército planejavam atentados

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Atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília
1 de 1 Atos golpistas de 8 de janeiro em Brasília - Foto: Matheus Veloso/Metrópoles

A Polícia Civil do Distrito Federal ouviu de um dos golpistas presos após participar das invasões do 8 de Janeiro que lideranças do acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército, em Brasília, planejavam atentados a bomba na capital.

O autônomo Armando Valentin Settin Lopes de Andrade, de 46 anos, preso com a namorada em flagrante no próprio dia 8 de janeiro, horas após participar da invasão às sedes dos Três Poderes, revelou em seu depoimento detalhes do acampamento golpista.

Andrade contou ter frequentado o acampamento diariamente, por mais de 40 dias, estabelecendo uma relação de confiança com lideranças do local. Essa proximidade teria lhe garantido participar de três reuniões restritas, com essas pessoas, momento em que teria ouvido os planos de ataques. “(…) No acampamento, vários organizadores sugeriam colocar bombas para derrubar a ponte da rodoviária de Brasília e que também sugeriam incendiar veículos em estação de energia de Brasília”, contou Andrade.

Andrade afirmou que o terrorista Alan Diego dos Santos Rodrigues, um dos presos suspeitos de tentar explodir uma bomba no aeroporto de Brasília, estava em uma das reuniões de que ele participou no acampamento. Segundo ele, Alan Diego “era uma das pessoas que diziam que deveriam fazer barulho, chamar atenção no sentido de atos mais extremos, como produzir incêndios”.

No depoimento, Andrade disse ter sido convidado para praticar atentados, mas que não teria demonstrado interesse em se juntar ao grupo. Afirmou, ainda, que seria capaz de reconhecer as pessoas que o chamaram para participar dos ataques, mas não de lembrar o nome dos envolvidos.

Polícia recebeu denúncia sobre participação de Andrade

Embora Andrade tenha feito essa negativa, policiais do Departamento de Combate a Corrupção e ao Crime Organizado do DF descobriram três dias antes da invasão, no dia 5 de janeiro, que ele teria o plano de queimar carros e atacar estações de energia da capital. Segundo a denúncia levada à polícia, Andrade teria comprado carros para executar os ataques.

No depoimento colhido no 8 de janeiro, a Polícia Civil não fez perguntas a Andrade sobre esta denúncia.

O golpista contou que chegou ao acampamento por meio de “três ou quatro grupos bolsonaristas, no aplicativo de mensagens WhatsApp”. Por lá, ele recebia diversos vídeos sobre “fraudes nas eleições” e “questionamentos” sobre a atuação de Alexandre de Moraes”.

Andrade disse ser um defensor da intervenção militar, que vê como “única esperança para o Brasil”. Sobre os organizadores do acampamento, citou um “cacique”, em possível alusão a José Acácio Serere Xavante, homem indígena preso pela Polícia Federal no ataque à sede da corporação, em dezembro do ano passado.

Questionado sobre outros nomes, Andrade declarou que não se recordava, mas que as lideranças do acampamento citavam “o agro” como o organizador do agrupamento montado em frente ao QG.

Andrade também contou detalhes da caminhada que os golpistas fizeram no dia 8 de janeiro, saindo do acampamento no QG do Exército até a Praça dos Três Poderes. Lembrou que “ultrapassou uma primeira barreira de policiais da Polícia Militar do Distrito Federal, quase em frente ao Congresso”, quando teria encontrado “policiais de bem”. Esses policiais, que seriam da PMDF, teriam dado palavras percebidas por ele como de incentivo aos manifestantes, mas com um aviso: “Estamos com vocês, mas fiquem de boa”.

Andrade foi preso na noite de 8 de janeiro porque a polícia já acompanhava seus passos, desde que recebeu a denúncia sobre o plano de comprar carros para incendiar em ataques. Ele e a namorada, Elynne Gomes dos Santos Lima, foram abordados por policiais na Estrutural, a caminho de casa.

Em seu depoimento, Elynne afirmou desconhecer “qualquer conversa sobre incendiar veículos ou usar bombas em manifestações”, mas admitiu que invadiu prédios dos Três Poderes porque “Lula não pode ficar no poder”.

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