metropoles.com

Gleisi diz que Haddad “está correto no papel” de mediar com mercado

Em entrevista à coluna, Gleisi Hoffmann pediu que presidente do BC se demita e enquadrou o ministro de Minas e Energia; vídeo

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Hugo Barreto/Metrópoles
Gleisi Hoffmann PT
1 de 1 Gleisi Hoffmann PT - Foto: Hugo Barreto/Metrópoles

Depois de esquentar o debate sobre a reoneração dos combustíveis na semana passada, ao publicar no Twitter uma série de mensagens em que expunha sua visão contrária à volta da tributação federal defendida pelo Ministério da Fazenda, Gleisi Hoffmann acenou a Fernando Haddad e, em entrevista à coluna, nesta quarta-feira (1º/3), na sede do PT, em Brasília, disse que o ministro está correto ao buscar mediação com o mercado.

Hoffmann negou que haja confronto aberto com Haddad e desencontros dentro do governo, numa sinalização de pacificação.

“O ministro tem uma grande responsabilidade. Ser ministro da Fazenda não é algo simples. Ele sabe que as posições dele têm impacto nos resultados de mercado, do dólar, na bolsa, enfim. Ele tem muito cuidado no conduzir, está correto o papel dele (de mediar com o mercado)”.

Mas Hoffmann não recuou de sua disposição de reforçar a visão do PT no debate econômico do governo.

“O PT é o guardião desse projeto desenvolvimentista que ganhou as eleições. Vamos sempre defender isso. Acreditamos ser o melhor para o Brasil. O mercado pressiona o tempo inteiro. Tem que ter um contraponto nisso. O mercado não ganhou a eleição”, disse. E, em seguida, completou: “Ele [Haddad] é do PT. Ele vai implementar a política que o presidente Lula definir”.

Na entrevista, Gleisi Hoffmann também deu outros recados a integrantes da equipe econômica. Voltou a cobrar o afastamento de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, por vontade dele ou por decisão do presidente Lula e chancelamento do Senado, conforme determina a Lei de Autonomia do Banco Central.

E foi direta numa cobrança ao ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, que derrubou as indicações do presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para o Conselho de Administração da estatal, e indicou nomes do centrão. Leia, a seguir, este trecho da entrevista com a presidente do PT ou, ao fim do texto, assista, em vídeo, à primeira parte da conversa.

Houve bateção de cabeça do governo na discussão da reoneração dos combustíveis? Como você viu a decisão de Lula?
Temos opiniões, e as opiniões são para ser manifestadas. Não é bateção de cabeça. Eu sou presidente de um partido. A gente debate os temas, discute manifestas opiniões e obviamente que o ministro Haddad tinha a opinião dele, a construção dele sobre o tema. Então, acho legítimo e acho bom que isso aconteça. E vejo que o presidente Lula conduziu da melhor forma para tentar minorar o impacto que teria a reoneração no preço da gasolina. Tivemos uma solução mediada pelo presidente, considerando a questão da reoneração, mas também considerando que tem de segurar esse preço. Não tem porque agora a gente fazer aumento da gasolina que prejudica a população. Você está falando de combustível fóssil. É, mas é ainda usado pela maioria das pessoas. Afeta muito a classe média e tem impacto na inflação.

Você pontuou em seu discurso na festa de aniversário do PT que entende ser missão do partido apresentar sua visão no debate econômico, contra o que acredita ser uma predominância da visão fiscalista, pró-mercado.
Tem que aprender o seguinte: o PT é o partido do presidente da República. E quando nós fizemos a campanha, foi na linha desenvolvimentista do Estado, e não fiscalista do Estado. É papel do PT, como guardião desse projeto que ganhou a eleição, colocar essa discussão sempre na mesa. Eu sei como funciona o governo, as pressões… O mercado pressiona o tempo inteiro. Tem que ter um contraponto nisso. Não pode o mercado ficar falando sozinho, pressionando, achando que tem razão. O mercado não ganhou a eleição. Entre os dois extremos, a visão do PT, historicamente, é a desenvolvimentista.

Em qual posição você considera que o ministro Fernando Haddad está hoje, mais próximo do mercado ou do PT? Ele tenta fazer uma mediação?
Sim, da mediação. O ministro tem uma grande responsabilidade. Ser ministro da Fazenda não é algo simples. Ele sabe que as posições dele têm impacto nos resultados de mercado, do dólar, na bolsa, enfim. Ele tem muito cuidado no conduzir, está correto o papel dele. Agora, temos também que fazer uma contraposição para que, pelo menos, o projeto vencedor seja o projeto usado para conduzir o país.

Haddad está mais próximo de que lado?
Ele [Haddad] é do PT. [Foi] nosso candidato [à Presidência em 2018]. É do PT, ele sabe que precisamos entregar resultado. Ele disse isso ontem: ‘Quem decide é o presidente Lula’. Ele vai implementar a política que o presidente Lula definir.

Como está sua relação com Haddad hoje? Vocês se falaram depois da decisão de reonerar os combustíveis?
Não falei com ele depois da decisão, mas é uma relação tranquila. Não estamos brigados. A imprensa explorou muito algo que eu acho que é uma bobagem. A política não tem decisão eminentemente técnica. Toda decisão é política. Não tem área política. A área econômica tem, sim, debates em um governo de coalizão, que tem disputa de posição. Agora, quem decide é o presidente Lula. E o PT é o guardião desse projeto desenvolvimentista que ganhou as eleições. Vamos sempre defender isso. Acreditamos ser o melhor para o Brasil.

Então você não bloqueou Haddad no WhatsApp [risos]?
Imagine [risos].

Leia ainda hoje na coluna mais trechos da entrevista de Hoffmann. Abaixo, a íntegra da primeira parte da conversa.


Colaboraram Natália Portinari, Edoardo Ghirotto e Beatriz Souza. 

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comGuilherme Amado

Você quer ficar por dentro da coluna Guilherme Amado e receber notificações em tempo real?