General do Planalto insinua voto em Bolsonaro em cerimônia oficial
Veja vídeo; “Alguém é favorável ao aborto? Levante o braço”, cobrou ministro e general Luiz Eduardo Ramos, na Imprensa Nacional
atualizado
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O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, general Luiz Eduardo Ramos, usou nesta quarta-feira (5/10) uma cerimônia do governo federal para insinuar voto em Jair Bolsonaro. O discurso aconteceu na Imprensa Nacional, dirigida por militares e presidida pelo coronel Heldo de Souza.
Ramos cobrou que a plateia de cerca de 150 pessoas do auditório da Imprensa Nacional se posicionasse sobre aborto, legalização de drogas e “ideologia de gênero”. Sem provas, o bolsonarismo acusa Lula de defender esses temas, o que não é verdade. O público era formado por autoridades, servidores e estudantes de escola pública, incluindo colégios militares.
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“Alguém aqui é favorável ao aborto? Por favor, levante o braço. Alguém é favorável a ver uma mãe chorando, como eu tive um amigo meu que perdeu um filho e toda vez ia na favela pegar ele drogado, é favorável à liberação de drogas? Essa juventude pura começar a usar cocaína, crack, e acabar com a vida dele e dos familiares? Se for favorável, levante o braço. E favorável à ideologia de gênero?”, cobrou o ministro, na cerimônia feita com dinheiro público.
Depois de fazer essas cobranças à plateia da Imprensa Nacional, Ramos buscou se justificar: alegou ser “aberto”. “Sou aberto, muito transparente, claro nas coisas”. Ramos citou Jair Bolsonaro quando disse que vai à feira todo sábado com roupas pregando voto no presidente. “Eu faço feira sábado, eu gosto, vou com gorro do Bolsonaro, camiseta”.
Em seguida às perguntas, Ramos tentou suavizar o tom:
“Não… Sem ameaça, pode levantar [a mão], tranquilo. O coronel Heldo não vai demitir, não, e os alunos, não tem perigo nenhum”, disse, referindo-se ao coronel Heldo de Souza, diretor-geral da Imprensa Nacional.
Em outro trecho, disse, dirigindo-se ao comentarista bolsonarista Alexandre Garcia, que estava no palco da cerimônia: “O voto dos senhores, deve ter aluno que vote, é secreto. Só peço aos senhores que reflitam qual é o Brasil que a gente quer. É o Brasil que o Alexandre [Garcia] sabe e conhece, que nós mais velhos conhecemos”.
O ministro da Secretaria-Geral disse ainda que fez as mesmas perguntas sobre aborto e drogas em 2018 a seus subordinados no Exército, quando ainda era um general da ativa. O general tinha um dos cargos mais altos na Força: era comandante Militar do Sudeste.
“Na quinta-feira antes da primeira eleição de 2018, lá em São Paulo, general do Exército da ativa… Eu reuni todos os meus oficiais, sargentos, e falei o seguinte: ‘Alguém concorda com o aborto?”.
Procurada, a Secretaria-Geral da Presidência alegou que o ministro não pediu voto para nenhum candidato. O ministério disse também que Ramos “sempre defendeu valores, como cristão que é”. E que vai à feira “como um cidadão comum e pode usar qualquer roupa ou adereço”.