Funcionária do governo do PR diz ter sido laranja em doação eleitoral
Doação de servidores para a campanha de Eduardo Pimentel em Curitiba não aconteceram apenas na prefeitura, mas no governo do estado também
atualizado
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Servidores do governo do Paraná, comandado pelo bolsonarista Ratinho Jr., usaram laranjas para doar para a campanha do candidato a prefeito de Curitiba Eduardo Pimentel, do PSD, apoiado por Ratinho Jr. e por Bolsonaro. A coluna obteve recibos de PIX feitos por servidores a uma funcionária terceirizada que teve que doar para o PSD. Sob anonimato, ela confirmou ter servido de laranja.
Nessa terça-feira (1°/10), a coluna revelou que os servidores da prefeitura de Curitiba foram coagidos a comprar convites para um jantar de campanha de Pimentel. Os valores, para os servidores municipais, variaram de R$ 750 a R$ 3.000.
A mulher que doou a Pimentel informou à coluna que foi laranja de dois pix de servidores do governo do Paraná. Na reunião da Prefeitura, cujo áudio foi revelado pela coluna, a orientação foi para as transferências via PIX serem feitas por pessoas próximas ou familiares dos servidores para mascarar a transação.
O nome da pessoa que confirmou ter agido como laranja consta em uma planilha de repasses ao PSD obtida pela coluna. Todos os servidores citados nesse documento, segundo apurou a coluna, teriam sido obrigados a doar por meio de laranjas. As transferências feitas por servidores a ela foram de R$ 1.000 e R$ 2.000. Ela, que é funcionária de uma empresa que presta serviço ao governo mediante contratos, afirmou ter sido orientada pelo seu gestor a repassar o valor para o partido de Pimentel.
Ela também foi obrigada a assinar um convite de “doador da campanha”, uma vez que não poderia ter qualquer registro oficial da doação dos dois outros servidores. O convite ressalta que “pessoas permissionárias do serviço público” são vedadas de doar para partidos políticos e campanhas eleitorais.
Vice-prefeito de Curitiba e candidato à Prefeitura, Eduardo Pimentel é apoiado pelo governador Ratinho Jr, também do PSD. Pimentel também é apoiado por Jair Bolsonaro.
Em nota, o PSD disse que realiza eventos de contribuição voluntária para ajudar a financiar as campanhas e que “a prática é legal”.
“Todas as doações declaradas passam pelo crivo da Justiça Eleitoral. A legenda tem planilhas de controle para garantir que as doações sejam fidedignas, transparentes e submetidas a prestação de contas, de acordo com o que prevê a legislação”, disse o partido em nota.
Procurado, o governo do Paraná não retornou aos contatos da coluna. O espaço segue aberto para manifestações.
Coação na Prefeitura de Curitiba
Servidores da Prefeitura de Curitiba foram coagidos pelo superintendente de Tecnologia da Informação, Antônio Carlos Rebello, a comprarem convites para um jantar de campanha de Eduardo Pimentel, que aconteceu no dia 3 de setembro. Um áudio revelado pela coluna mostrou Rebello alegando que havia recebido orientações da campanha e que comprar o convite seria melhor do que o candidato “fazer caixa 2”.
O superintendente de Tecnologia da Informação foi exonerado na própria terça-feira, após a publicação da reportagem. A prefeitura de Curitiba disse que ele agiu “sob julgamento pessoal” e negou que a campanha de Pimentel tenha orientado que servidores públicos doassem.
(Atualização às 10h30 do dia 4 de outubro de 2024: Em nota à coluna, o governo do Paraná não negou que os servidores fizeram doações para a campanha de Eduardo Pimentel. O governo disse que “não há ilegalidade”.
“As doações de servidores públicos filiados ou estatutários estão previstas na legislação eleitoral. Não há registro de qualquer tipo de coação dos servidores para contribuição”, disse a nota. Também não há qualquer comprovação de que todos os servidores que doaram são filiados ao PSD.)