Fraude em vacina: Bolsonaro põe em cena ex-CGU
Sem que a PF tenha ouvido o ex-ministro da CGU Wagner Rosário, defesa de Bolsonaro colheu depoimento dele por conta própria
atualizado
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Um personagem considerado fundamental por Jair Bolsonaro para livrá-lo das suspeitas sobre fraudes em seu cartão de vacinação contra a Covid-19 enfim falou sobre o caso — em depoimento à defesa de Bolsonaro. Trata-se do ex-ministro da Controladoria-Geral da União (CGU) Wagner Rosário, atual controlador-geral do governo Tarcísio Gomes de Freitas, em São Paulo.
Depois que a Polícia Federal concluiu as investigações sobre a adulteração do cartão de vacina e indiciou Bolsonaro pelos crimes de associação criminosa e inserção de dados falsos em sistema de informações, a defesa do ex-presidente passou a pedir e insistir que Rosário fosse ouvido no inquérito.
Como a PF não colheu depoimento do ex-CGU, o advogado de Bolsonaro abriu uma “investigação criminal defensiva” e ouviu Wagner Rosário por conta própria.
No depoimento ao advogado Paulo Amador Cunha Bueno, que defende Jair Bolsonaro e foi o responsável pela “investigação defensiva”, Rosário disse não ser “amigo íntimo” do ex-presidente. O relatório da oitiva e da apuração conduzida pela defesa de Bolsonaro foram apresentados ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.
O ex-ministro da CGU isentou Bolsonaro, que é acusado por seu ex-ajudante de ordens, o delator Mauro Cid, de ter ordenado a fraude. Rosário disse que a investigação da PF se originou em um pedido dele próprio, por ordem de Jair Bolsonaro, e que a apuração não teria sido possível se o ex-presidente não tivesse autorizado a divulgação de seus dados de vacinação.
Wagner Rosário afirmou a Bueno que consultou Bolsonaro em 29 de dezembro de 2022, por telefone, se ele autorizava a divulgação de seu cartão de vacinação. Demandas por meio da Lei de Acesso à Informação pediam acesso ao material.
Segundo o ex-ministro, Bolsonaro autorizou a divulgação no mesmo dia, ocasião em que Rosário relatou ter feito contato com o Ministério da Saúde para pedir acesso às informações. Após solicitar os dados à pasta, o então chefe da CGU foi informado que havia três registros de vacinação de Bolsonaro, um em São Paulo e dois em Duque de Caxias (RJ).
Wagner Rosário contou ter ficado “surpreso com a informação” e supôs que haveria algum equívoco ou fraude, “tendo em vista que era público e notório que o ex-presidente jamais se vacinou”.
Diante disso, Rosário narrou ter aberto uma investigação preliminar junto à CGU para apurar a fraude e mandado um ofício à PF. “Caso o ex-presidente Bolsonaro não houvesse autorizado a abertura das informações de seu cartão, a existência de inserções falsas não teria sido investigada e provavelmente nunca teriam vindo a público”, diz o relatório do depoimento do ex-ministro.
Em manifestação ao ministro Alexandre de Moraes, o advogado de Bolsonaro afirmou que a investigação feita pela defesa “deixa claro que o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro desconhecia as inserções falsas em seu cartão de vacinas ou, de outra sorte, não teria autorizado o levantamento de seu sigilo, via de consequência expondo as informações falsas”.
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